Demissões em Cuiabá já ultrapassam de 10 mil, 40% vão falir
Cuiabá já acumula 10 mil demissões apenas no setor de bares e restaurantes e a estimativa é que 40% desses estabelecimentos não conseguirão reabrir as portas após liberação pelos governos estadual e municipal, ou seja, faliram. Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurante (Abrasel), seccional Mato Grosso, Lorenna Bezerra afirma que hoje os estabelecimentos estão atendendo apenas na modalidade delivery e isso não representa nem 10% do faturamento.
A expectativa de reabertura, afirma Lorenna, existe desde quando saiu o primeiro decreto, mas ela enfatiza que “não há convergência por parte dos governantes”.
“O governo do Estado e governo federal têm uma narrativa, enquanto a prefeitura de Cuiabá trabalha outra informação. Não existe coerência tanto nas ações, quanto nos números entre as esferas federal, estadual e municipal”.
Lorenna enfatiza que o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde recomenda, desde 13 de abril, que os municípios que tivessem menos de 50% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ocupados, já poderiam fazer a retomada das atividades econômicas, com distanciamento seletivo. “Embora Mato Grosso tenha apenas 4,8% de taxa de ocupação, os últimos decretos não contemplam a abertura do segmento de bares e restaurantes”.
Prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, afirmou que neste mês (maio) vai liberar restaurantes e bares para funcionar, com diversas medidas restritivas. Mas ainda não há data definida. Para que estes estabelecimentos possam a voltar a receber clientes, o prefeito precisa baixar um novo decreto estipulando as regras. Na lista também estarão os shoppings, academias, clubes e similares. Casas noturnas, festas, shows, cinema, não têm previsão de liberar.
Em Várzea Grande, desde o dia 25 de abril os estabelecimentos comerciais cuja atividade econômica seja gênero alimentício voltaram a funcionar, mas com 30% da capacidade.
Expectativa
Divulgação
Choppão
Choppão é um dos restaurantes mais tradicionais de Cuiabá
Depois de 46 anos atendendo a população cuiabana, um dos restaurantes mais tradicionais da Capital, o Choppão, suspendeu as atividades às 21h30 do dia 22 de março. “A esquina mais conhecida da cidade, com a chancela da gastronomia de qualidade, do ponto de encontro dos cuiabanos e atendimento humanizado e cordial, fica sem o brilho e a magia do Choppão durante a pausa providencial. Fundado em 1974, resistiu durante décadas a inúmeras crises e superou desafios junto à cidade e à Praça Oito de Abril. Mas nada se assemelha com este capítulo em que hoje os cidadãos do mundo inteiro são os verdadeiros protagonistas”, diz parte do texto publicado nas redes sociais do restaurante.
O Choppão foi o último estabelecimento a fechar em Cuiabá dentro do prazo estabelecido pelas autoridades.
Mas o Choppão Delivery, que já existia, continua. Ainda no texto publicado no dia 22 de março, a promessa é que o restaurante será reaberto. “A esquina voltará a brilhar, a praça, a rua, as calçadas voltarão a emanar sua magia característica de uma cidade hospitaleira e de um povo de 300 anos! Até breve Cuiabá!”.
Outro ponto muito conhecido pelos cuiabanos, a Padaria do Moinho, decidiu fechar as portas, por tempo indeterminado. O comunicado, também feito pelas redes sociais, afirmava que as vendas aumentaram mesmo com a pandemia, mas que a empresa não se sentia segura em continuar aberta devido ao risco à saúde de seus colaboradores e familiares. A padaria funcionou até 7 de abril.
No último domingo (26), a Padaria informou que continuará com as operações suspensas até o final do mês de maio. Pelo decreto municipal, as padarias estão liberadas para atender das 6h às 19h.
“O tempo fechou. Em meio à uma tempestade, o melhor a ser feito é se proteger. Quando o mais certeiro é a incerteza, precisamos pensar na saúde das famílias de nossos colaboradores, nas pessoas que nos auxiliam, é hora de pensar nas pessoas que amamos. O Covid-19 vai muito além de posição política ou partidária. O vírus é um problema grave e precisa ser tratado como tal. Mesmo tendo acréscimo nas vendas no período, mesmo seguindo as regras mais rígidas de vigilância sanitária, mesmo implantando técnicas inovadoras como a esterilização dos nossos carrinhos, a Padaria Moinho não se sente segura em abrir suas portas e garantir a saúde de clientes, funcionários e colaboradores. Insegurança que leva a Padaria do Moinho informar que vai fechar completamente suas portas à partir do dia 7 de abril, por tempo indeterminado, até essa tempestade passar. Mas a bonança, um dia vem. E nesse dia estaremos abertos para você novamente. Afinal, a magia pode dar um tempo, mas não acaba nunca”, dizia o comunicado da Padaria.