Saúde

ENTENDA: Gestantes também podem ter distúrbio alimentar: conheça a pregorexia

A gravidez provoca muitas mudanças no corpo da mulher —físicas e emocionais. O organismo para gerar uma criança sofre alterações por cerca de 9 meses e o aumento de peso pode incomodar ainda mais algumas futuras mães. E, algumas vezes, esse incômodo pode ser um transtorno alimentar, que é mais frequente em mulheres que já tinham pré-disposição a não ter uma boa relação com sua imagem corporal.

Esse comportamento chamou a atenção dos especialistas e começou a ser chamado de pregorexia. O termo é uma junção das palavras pregnant (grávida em inglês) e anorexia. Mas, apesar de os sintomas serem citados em diversas pesquisas, ela ainda é considerada um “neo” transtorno alimentar, ou seja, ainda não foi reconhecida oficialmente.

“A pregorexia é o termo usado para descrever alterações, prejuízos, mudanças no comportamento alimentar de mulheres durante a gravidez. Esses sintomas incluem prática de dieta, mais exercício do que é recomendado, episódios de compulsão alimentar —o famoso ‘comer por dois’ — ou o vômito intencional”, explica Ana Maria Roma, coordenadora da área de Nutrição do PROATA (Programa de Atendimento a Pacientes com Transtornos Alimentares) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Esse problema é mais comum em mulheres que já tinham algum transtorno alimentar como bulimia ou anorexia. “Na prática, não vemos gestantes que desenvolvem um transtorno alimentar durante a gravidez. Por isso, é importante ficar atento aos sinais e comportamentos da mulher, se ficam mais preocupadas ou obsessivas com o corpo ou com a comida, por exemplo”, destaca Ana Carolina Pereira Costa, nutricionista do Ambulim (Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares) do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Sinais de transtornos alimentares em gestantes

Os sintomas podem variar um pouco, mas geralmente estão relacionados à forma física e ao controle do peso. Um sinal bastante importante é perceber que a gestante não está engordando e, em alguns casos, até emagrecendo.

Em mulheres com um IMC (índice de massa corporal) normal —entre 18,5 e 24,9, a recomendação é engordar de 11 a 15 quilos durante os 9 meses de gravidez. Já aquelas que estão com baixo peso podem engordar até 18 kg e as gestantes obesas devem ganhar no máximo 9 kg. Lembrando que para calcular o IMC deve-se dividir o peso pela altura elevada ao quadrado.

“É bastante comum que a família e as pessoas próximas percebam essa preocupação exagerada da grávida pela forma física, medo exagerado de consumo alimentar ou de engordar. As gestantes costumam esconder esses comportamentos, muitas não percebem que estão com o transtorno ou não relatam os sintomas para os profissionais”, explica Lívia Beraldo, psiquiatra do hospital Sírio-Libanês e mestre em psiquiatria pelo IPq – FMUSP (Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo).

Veja abaixo alguns sinais:

Realizam dietas restritivas;

Vomitam com mais frequência;

Têm episódios de compulsão alimentar;

Levam uma rotina alimentar rígida;

Passam por mudanças frequentes de peso ou estão significativamente abaixo do peso;

Prática excessiva de exercícios físicos;

Uso de laxantes ou diuréticos.

Apresentam baixa autoestima;

Fazem jejum ou pulam refeições;

Não ganham peso com a gestação;

Pesam-se com frequência;

Comem escondidas;

Excluem alimentos da dieta por conta própria

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