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Estudo de educação ambiental analisa a cultura das queimadas na Ponta do Abunã

O Governo de Rondônia, por meio da Coordenadoria de Educação Ambiental (Ceam) da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), realiza estudos de aplicação da Educação Ambiental à realidade cultural das queimadas na Ponta do Abunã.

O estudo, que conta com os dados da Coordenadoria de Geociências (Cogeo) e Escritório Regional de Gestão Ambiental de Extrema (Erga), consiste em visitas in loco com a coleta de informação e disseminação da cultura sustentável sem queimadas e sem emprego de fogo. A área que está sendo estudada abrange o município de Porto Velho, na região da Ponta do Abunã que corresponde aos distritos de Abunã, Fortaleza do Abunã, Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia. Uma área de aproximadamente 6500 km².

O projeto de pesquisa elaborado pelo gestor ambiental Joaquim Natal, do Erga de Extrema, aborda, trata e propõe a busca de dados da realidade das queimadas e desmatamentos na Ponta do Abunã, no oeste de Rondônia, e propõe metodologias de pesquisa que compreendam esta atividade culturalmente enraizada localmente. A educação ambiental como ferramenta de enfrentamento é a abordagem intrinsecamente essencial.

Focos de Calor em Rondônia. Fonte Inpe (Ref. Aqua Tarde – Base 2)

No ano de 2019, Rondônia apresentou 80.230 alertas de focos de calor em seus 52 municípios segundo dados coletados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), através dos registros do satélite NPP-375.

A educação Ambiental proposta nesta pesquisa pretende contextualizar historicamente a cultura do uso de fogo nesta região, bem como quais são as atividades que o empregam, quem são seus utilizadores e sua relação com o desmatamento; busca entender os motivos da utilização do fogo e em que períodos do ano isso mais ocorre e as atividades econômicas relacionadas e o mais importante: determinar o nível de conhecimento de produtores em relação à legislação e o uso dos recursos naturais e o emprego do fogo em suas atividades.

A tendência histórica se mantém em queda, em especial a partir de 2005. Desde 2015 o numero de focos de calor tem se comportado muito próximo à linha histórica. Em Rondônia, a relação entre desmatamento e queimada se torna clara ao ser analisado o mapa de densidade do n° de focos de calor do estado em 2019.

O mapa de densidade comprova a correlação desmatamento x focos de calor, uma uma vez que 68% dos focos de calor do estado concentram-se em apenas seis municípios (Porto Velho, Nova Mamoré, Candeias do Jamari, Machadinho D’oeste, Cujubim e Buritis); não por acaso, estes mesmos municípios são responsáveis por 65% do incremento anual de desmatamento.

Mapa de densidade (Kernel) dos focos de calor de 2019. (Fonte: Sipam)

Apenas dentro de sete Unidades de Conservação e Terras Indígenas localizadas no entorno das áreas com maior densidade de focos de calor, o desmatamento foi de 156 km2 (Resex Jaci Paraná, Resex Rio Preto Jacundá, Parque Estadual Guajará Mirim, TI Karipunas, Uru-eu-wau-wau, Igarapé de Lourdes e Igarapé Laje) Esta concentração do n° de focos de calor é o norteador para definição das estratégias adotadas como mecanismos de resposta deste POTIF – 2020.

De posse das informações angariadas pelo estudo, a Sedam visa propor um modelo, diretriz ou ações de educação ambiental que exerça influência na mudança comportamental em relação a atividades sustentáveis.

A elaboração de um projeto de educação ambiental com base neste entendimento pode adequar ou colaborar para uma mudança comportamental a longo prazo por meio do uso de modelos de produção sustentáveis.

Texto: Yraciara Alves
Fotos: Frank Néry e Sedam

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