Médico morre com Covid-19 dois meses após mulher pedir para ele deixar o trabalho em UTI: ‘Meu lugar é aqui’
A pandemia do coronavírus segue vitimando milhares de brasileiros e devastando famílias. Responsáveis por atuar na linha de frente do combate à doença, os médicos acabam se expondo de forma intensa ao vírus, e dificilmente não são infectados. Na escala global, um grande número de profissionais da saúde já morreram em decorrência da Covid-19.
O caso mais recente e impactante de morte de um profissional de saúde no país ocorreu com Orlando Tavares Pinheiro. O médico de 47 anos atuava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da UPA de Santa Isabel, foi infectado pela Covid-19, e faleceu na última terça-feira (21).
No mês de maio, a esposa dele, a enfermeira Arlete Alves da Silva, de 37 anos, pediu para que Orlando deixasse o plantão da unidade hospitalar, para evitar o grande risco de contaminação. Ela foi respondida por um aplicativo de mensagens da seguinte forma
“Cada um no seu papel, fui treinado minha vida toda para isso, meu lugar é aqui, na frente de batalha, é o que eu sei fazer. Temos de nos cuidar, mas não dá para recuar. Eu amo muito você e as meninas, por isso me cuido, mas as vezes tenho um pouco de medo, acho que é normal, né?”, disse Orlando.
Orlando era casado com Arlete há 14 anos e deixou duas filhas, uma de 13 anos e outra de 10 anos. Neste domingo (27), o médico completaria 48 anos de vida.
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre os profissionais da área de saúde, os médicos estão no segundo grupo com o maior número de mortes desde o início da pandemia. Orlando foi diagnosticado com a Covid-19 no dia 18 de junho, e faleceu no dia 21 de julho, após 20 dias entubado no Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Números altos
A pandemia do coronavírus segue em ritmo acelerado no Brasil. De acordo com o último balanço divulgado, o país já acumulava mais de 85 mil óbitos em decorrência da doença. O índice é o segundo maior do mundo, atrás somente dos Estados Unidos.