Polícia

Brasil é o país mais homicida do mundo

Segundo dados do estudo “Prevenção da violência juvenil no Brasil: uma análise do que funciona”, produzido pelo Instituto Igarapé com apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), as taxas de assassinatos de jovens cresceram 17% no Brasil, de 2005 a 2015. Quase metade do total de homicídios do país em 2018 (56 mil) corresponde à morte de homens negros, com idade entre 15 e 29 anos.

Ainda segundo o relatório, o problema de mortes violentas no Brasil tem se agravado na última década, com vítimas cada vez mais jovens. Desde os anos 1980, a idade média das vítimas de homicídios caiu de 25 para 21 anos. Entre 2000 e 2010, a taxa de homicídios entre os jovens aumentou em 2,5%. Já entre 2005 e 2015, o ritmo se acelerou e homicídios de jovens aumentaram mais de 17%.

Para adolescentes, especificamente, o aumento no período foi de 110%. “Embora as taxas nacionais de homicídios tenham caído entre 2017 e 2018, as projeções mais recentes são de que a taxa de homicídios continuará subindo no longo prazo, a menos que haja uma mudança de direção”, diz o estudo elaborado por Robert Muggah e Ana Paula Pellegrino.

Segundo o estudo, os altos níveis de insegurança do Brasil não podem ser atribuídos a uma única causa, mas sim a uma combinação de fatores individuais, familiares, comunitários e ambientais. “Muitos dos fatores determinantes subjacentes à violência organizada são estruturais. Não obstante ganhos importantes na redução da pobreza (que diminuíram e até foram revertidos nos últimos anos), o país sofre com uma das maiores taxas de desigualdade de renda do mundo. Desigualdades profundas são reforçadas pelo ambiente construído que, fisicamente e socialmente, separa “ricos” de “pobres”, diminuindo a confiança e a coesão social. A desvantagem concentrada e as famílias fragmentadas somam-se ao acesso limitado à educação de qualidade, a emprego e oportunidades: todos esses fatores contribuem”, conclui o relatório.

Na publicação, Muggah e Ana Paula relacionam as dinâmicas raciais à violência e à vitimização envolvendo jovens, uma vez que as vítimas e seus agressores apresentam frequentemente o mesmo perfil demográfico. Os autores alertam que, para reduzir a violência, é necessário ampliar as oportunidades para pessoas jovens por meio de investimentos em educação e empregabilidade equitativos e capazes de desafiar estereótipos de identidade e raça. O foco deve ser dado às regiões menos assistidas pelas políticas públicas. Além disso, é recomendada a redução do acesso às armas de fogo.

Brasil é o país mais violento do mundo
O documento ainda aponta que o Brasil é o país mais homicida do mundo. Segundo ele, uma em cada dez pessoas mortas de maneira violenta a cada ano é brasileira e mais de um milhão de pessoas morreram por causa de violência no Brasil desde 2000. “Em um ano, o Brasil registra mais mortes do que a soma de todos os ataques terroristas de 1997 a 2018 ao redor do mundo. Uma proporção significativa das vítimas de mais de 56.000 mortes no país em 2018 eram homens negros jovens, com baixo nível de escolaridade, entre 15 e 29 anos.

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