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Corpo de brasileira morta na fronteira dos EUA volta ao Brasil após 35 dias e apelo da família; sepultamento será em Rondônia

Passados 35 dias desde que foi encontrado em uma área desértica na fronteira entre Estados Unidos e México, o corpo da técnica de enfermagem Lenilda Oliveira dos Santos, de 49 anos, retorna ao Brasil nesta quarta-feira, 20, para ser enfim sepultado. A família da brasileira já havia feito um apelo por ajuda no traslado, dificultado pelo alto custo e pela burocracia.

Em meio às investigações sobre a morte de Lenilda, o órgão equivalente ao Instituto Médico Legal (IML) no Estado americano de Ohio assinou somente na última quinta-feira o atestado de óbito como “causa pendente”. As suspeitas são de que a brasileira morreu de fome e sede ao ser abandonada por um grupo de amigos enquanto atravessa ilegalmente a fronteira.

O corpo sairá nesta quarta-feira de Ohio, onde foi realizado um velório simbólico para parentes e amigos que moram no Estado, para Washington DC. Da capital norte-americana, será levado até Guarulhos, em São Paulo, pela companhia aérea American Airlines. O traslado, que vai custar pouco mais de US$ 11 mil, será custeado com o montante angariado por meio de campanhas de arrecadação online, de acordo com Kleber Vilanova, proprietário da empresa de imigração que auxilia a família.

Após chegar ao Brasil, o corpo será transportado até Rondônia pela LATAM, por meio do programa Avião Solidário, iniciativa da companhia que disponibiliza transporte para causas humanitárias, e deve chegar à capital Porto Velho na tarde de sexta-feira, 22. O velório está programado para o dia seguinte na quadra municipal de Vale do Paraíso, onde sua família mora. Depois, ela será sepultada no município rondoniense de Ouro Preto, a cerca de 37 km de distância. Na cidade, estão enterrados outros parentes da vítima.

— A ficha não caiu ainda. Participei por videochamada do velório que aconteceu nos EUA, mas quando chegar aqui vai ser diferente. Só tenho o que agradecer a todos que ajudaram para que a gente pudesse se despedir da minha mãe — disse Luanna Oliveira, filha de Lenilda.

MORTE DO DESERTO
Lenilda atravessou ilegalmente a fronteira entre México e Estados Unidos. Ela estava viajando com alguns conhecidos de Vale do Paraíso, em Rondônia, onde morava antes de tentar a travessia. O grupo também estaria com um “coiote”. Durante a caminhada, Lenilda começou a ficar desidratada e não conseguiu continuar. Ela acabou abandonada pelos colegas e pelo “guia”.

Irmão da vítima, Moizaniel Pereira de Oliveira, 46 anos, disse ao GLOBO que Lenilda morreu rastejando para chegar a uma pedra, onde provavelmente buscaria se encostar.

— Nós procuramos um advogado, que entrou em contato com a polícia de lá (Deming, uma cidade do Novo México). Os policiais foram para onde ela tinha mandado a localização, pelo celular, mas a Lenilda não estava no local. Então eles fizeram uma varredura em (um raio de) 5 milhas. O corpo dela foi encontrado na direção de uma rocha, ela morreu rastejando, tinha um rastro atrás dela. Provavelmente ela buscava um lugar para encostar e ter sombra — disse.

Enquanto esteve sozinha, Lenilda enviou áudios para a família. Nas mensagens, ela tentava mostrar otimismo e acreditava que seus colegas voltariam para buscá-la, conforme prometeram. Mas sua voz demonstrava que estava debilitada. “Eu estou escondida. Manda ela trazer uma água para mim, porque não estou aguentando de sede”, diz em uma das mensagens.

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