Prejuízo: Fazendeiro perde 500 mil reais no “Golpe do Nudes”
As Polícias Civis do Rio Grande do Sul e de Goiás deflagraram, na manhã desta quinta-feira (23), a Operação Sem Fronteiras para desarticular uma quadrilha que extorquiu um fazendeiro de Rio Verde (GO) aplicando o chamado golpe dos nudes. Ao todo foram utilizados cerca de 50 policiais na operação, que extorquiu cerca de meio milhão de reais do produtor rural de apenas 30 anos!
Depois de repassar o dinheiro, ele percebeu que tudo não passava de uma farsa e procurou a Delegacia de Repressão a Crimes Cibernéticos de Rio Verde. Foram reiteradas as quantias extorquidas, sendo elas sempre precedidas de uma nova ameaça de punição legal, o que culminou no prejuízo de aproximadamente meio milhão de reais para a vítima.
O responsável pelo setor, após várias investigações, descobriu que o grupo criminoso é do Rio Grande do Sul e acionou o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio Grande do Sul, delegado André Anicet.
Os golpistas também se passaram por advogado, além de simularem depressão, tratamento psiquiátrico e até suicídio da suposta jovem. Chegaram até mesmo a criar falsos acordos judiciais.
— Eles fabricaram carteiras da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), carteiras funcionais de delegados de polícia, postagens de luto nas redes sociais, entre outros — diz Anicet.
Segundo as investigações, a vítima repassou cerca de R$ 500 mil aos criminosos. Cinco bandidos foram presos. Os agentes cumpriram 12 mandados de busca e apreensão em Novo Hamburgo, Taquara, São Leopoldo Charqueadas e Montenegro, incluindo estabelecimentos prisionais. Cinquenta policiais civis participaram da ação.
“No início deste ano, a vítima, um homem de aproximadamente 30 anos de idade, que reside em Rio Verde, cidade situada no Sudoeste de Goiás, iniciou contato com um perfil na rede social Instagram de uma jovem e bela garota. A conversa entre os dois ganhou cunho sexual e, então, um criminoso, se passando pelo suposto pai dessa garota, afirmou à vítima que a menina em questão era menor de idade e que aquelas conversas causaram a ela severos constrangimentos“, contou ele.
“Simulou-se a necessidade de tratamento psiquiátrico da menor e até mesmo o seu suicídio. Assim, exigiu-se da vítima uma compensação financeira para se reparar, material e moralmente, tais danos”, informou a Polícia Civil gaúcha
“Em seguida, supostos advogados e autoridades públicas, falsos delegados de polícia e conselheiros tutelares entraram em contato com a vítima, informando-lhe que ela havia cometido ilícitos penais em razão das conversas de natureza sexual com a garota. Sob tal argumento, as pseudo autoridades, fingindo serem agentes públicos corruptos e fazendo a vítima crer que havia cometido ilícitos penais relacionados à pedofilia, exigiram quantias dela, para que ela não sofresse sanções criminais. Foram reiteradas as quantias extorquidas, sendo elas sempre precedidas de uma nova ameaça de punição legal, o que culminou no prejuízo de aproximadamente meio milhão de reais para a vítima”, prosseguiu a corporação.
Mesma forma de agir
Anicet, que já prendeu vários integrantes de quadrilha que aplicam o golpe dos nudes, inclusive em ações conjuntas com policiais de outros Estados, diz que o esquema é praticamente o mesmo: contatos pelas redes sociais por meio de perfis de jovens que dizem ser adolescentes, troca de imagens pelo WhatsApp e depois ameaças por um falso pai da suposta adolescente e por falsos policiais. Em vários casos, os próprios homens são quem acionam as supostas adolescentes ao verem fotos sensuais de jovens bonitas.
Depois disso, os criminosos trocam as primeiras mensagens. Muitas vezes são presidiários se passando pelas moças. Na sequência, começam as mensagens em áudio. Nesta fase do golpe mulheres integrantes das quadrilhas são utilizadas. Até mesmo na troca de imagens íntimas, há casos em que os homens pensam estar se comunicando com adolescentes, quando na verdade são detentos.
A extorsão ocorre depois que os próprios presos — mas também há suspeitos que atuam para eles e que não estão detidos — se passam por pais das supostas adolescentes e também por policiais, forjando que a relação online teria sido descoberta pelos responsáveis.
Para isso, montam cenários idênticos aos de uma delegacia e usam falsos agentes na hora em que ligam para as vítimas. Eles, que dizem ser agentes corruptos, ameaçam abrir inquéritos, realizar prisões, ingressar com processos ou até repassar as fotos para familiares das vítimas. Para que isso não seja feito, exigem dinheiro