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Ensino híbrido está sendo fortalecido devido a pandemia

A Covid-19 pode fortalecer o ensino híbrido no país, modelo que combina aulas presenciais e on-line . Essa é a percepção de boa parte dos alunos ouvidos na pesquisa “Sala de aula ou sala de casa: A nova realidade da educação”, realizada pela área de Inteligência de Mercado da Globo em parceria com o Instituto Toluna.

O estudo ouviu 1.500 jovens das classes A, B e C de diferentes regiões brasileiras. Para 73% deles, nos próximos anos o ensino pode mudar para um modelo híbrido, com a crise aberta com o novo coronavírus.

A impressão deriva, principalmente, da necessidade de isolamento social trazida com a pandemia, que por sua vez levou à suspensão das aulas presenciais e obrigou as instituições de ensino a repensarem as formas de aprendizado – incluindo o ensino à distância.
Para os estudantes, complementa a pesquisa, o maior desafio dos últimos meses foi conciliar disciplina e produtividade às barreiras impostas pelo ensino remoto, como dificuldades de conexão e equipamentos.

“Os dados mostram como as instituições de ensino vão medir o resultado das metodologias que estão acontecendo e crescendo nesse novo momento social”, diz Rafael Garey, head de estratégia para o segmento de Educação no time de Inteligência de Mercado da Globo.

Para os entrevistados, o ensino à distância (EAD) mostrou mais relevância recentemente: 58% deles passaram a ver de forma mais positiva essa modalidade. Além disso, nos últimos meses, 19% começaram um novo curso pago remotamente, e 39% passaram a consumir conteúdos e cursos gratuitos pela internet.
Por outro lado, os alunos também apontaram barreiras: principalmente dificuldades de conexão (46%) e exigência de muita disciplina (46%). Outros 44% afirmam sentir que as empresas valorizam menos o diploma EAD no momento da contratação. E, para 36% dos alunos, existe a percepção de que esse formato exige menos.

“A aprendizagem é para todos. A pesquisa traz insights sobre esse novo momento do jovem. A verdade é que ninguém esperava esse susto que passamos na pandemia. E estamos todos sem saber ainda quais são os próximos passos”, disse o educador e designer de aprendizagem Eduardo Valladares, na apresentação da pesquisa, em evento transmitido on-line e mediado pelo ator Lázaro Ramos.

Para Valladares, os dados reforçam a importância de se pensar na eficiência dos modelos de aprendizagem oferecidos aos alunos:

“Por que não podemos aprender tanto na sala de aula quanto na sala de casa? Precisamos ter um pouco mais de mudança no processo de ensino dos educadores e também por parte dos pais e dos alunos. Precisamos ensinar mais sobre o método, sobre qual é a melhor forma de aprender”.

O estudo aponta que fatores como equilíbrio emocional e ambiente tranquilo em casa são também desafios a serem pensados quando se fala no ensino à distância ou on-line considerando um modelo híbrido de educação.

Medo, ansiedade e estresse, entre outros aspectos emocionais, têm atrapalhado o estudo de ao menos 80% dos alunos ouvidos. Outros 63% dizem que falta um ambiente tranquilo para estudar em casa. Ou afirmam não ter os equipamentos adequados para o estudo (53%).

“Quando entrei na universidade pública, não ingressei por cota. E não porque a cota não seja importante, muito pelo contrário. Mas um pouco fiz isso para mostrar que o espaço da universidade precisa ser plural e infelizmente por conta do nosso contexto histórico isso ainda não é realidade. As cotas são extremamente importantes até que a gente consiga ter um acesso mais igual. Agora com o ensino híbrido isso pode encurtar um pouco o acesso para diminuir desigualdades e gerar oportunidades. Porém, ainda sofremos com questões como conectividade, espaço em casa e outros pontos do ensino à distância que também passam pela desigualdade social. No entanto, com certeza vemos avanços. Estamos caminhando a passos lentos, mas estamos caminhando”, opina Beatriz Santos, CEO e fundadora da Barkus Educacional.

Outras vezes, mostra o estudo, a dificuldade está também do outro lado da tela. Para 76% dos alunos, a maioria dos professores tem alguma dificuldade para dar aula à distância.

“Precisamos trazer uma linguagem mais acessível, baseada também no afeto, e na necessidade de trazer experiências que os estudantes realmente precisem. Queremos ser um facilitador de aprendizagem, e para isso precisamos levar em conta o quanto os alunos precisam ser mais ouvidos para que a aprendizagem faça sentido de fato”, diz Beatriz.

A pandemia, destaca a pesquisa, trouxe ainda mais pressões sobre o futuro acadêmico e profissional dos jovens brasileiros (sensação descrita por 83% dos entrevistados). Ainda assim, as expectativas após a crise parecem positivas: 77% dos universitários ouvidos afirmam que querem se dedicar mais aos estudos quando a pandemia acabar. E 68% querem retomar os estudos que tinham parado por conta do novo coronavírus.

Os alunos reforçam que a atuação profissional dificilmente seguirá da mesma forma após a crise. Segundo a pesquisa, 92% concordam que o trabalho à distância será mais comum, e com oportunidades de trabalho fora das grandes cidades. E 83% acreditam na ampliação das oportunidades de trabalho graças ao maior uso da tecnologia .

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