Brasil
Sem homossexualidade e talaricagem: cartilha do PCC dita normas sexuais
Uma cartilha do PCC (Primeiro Comando da Capital) com 45 regras de conduta de seus membros dentro e fora das prisões foi apreendida em uma penitenciária paulista, revelou a coluna de Josmar Jozino.
Entre as regras, chama a atenção a “proibição de homossexualidade” e de “atos de talaricagem”, gíria para traição —quando um faccionado se envolve com a mulher de outro integrante do PCC.
As normas sobre sexo
Veja abaixo algumas regras ligadas ao comportamento sexual encontradas na cartilha.
- Proibição da homossexualidade. É caracterizada como a relação ou atos libidinosos entre presos da mesma cela. A quebra dessa regra de conduta resulta na exclusão do PCC sem possibilidade de retorno, segundo a cartilha.
- Não à talaricagem (traição). É definida na cartilha como o envolvimento com a mulher de outro integrante do PCC. O descumprimento da regra pode levar à exclusão e a outras medidas severas.
- Cartilha tem tópico para a “pederastia”. O documento explica que se trata da relação ativa com pessoa do mesmo sexo. Dessa forma, se diferencia da homossexualidade “porque o praticante é somente ativo e não passivo”, segundo a norma do PCC. A pederastia também é passível de punição.
Outros tópicos
A cartilha também detalha outras condutas irregulares, além do comportamento sexual. Algumas delas são:
- Atos de esperteza. É caracterizada como uso de má-fé para roubar um faccionado. Além disso, a cartilha lista os “atos de malandrismo” —quando há uso de força física para subtrair algo de um comparsa.
- Atitude isolada, calúnia, caguetagem e chantagem constam na cartilha. A atitude isolada seria a ação sem consulta aos superiores. Calúnia, caguetagem e chantagem são puníveis com severas medidas disciplinares.
- O uso abusivo de drogas é citado. Segundo a cartilha da facção, é estritamente proibido usar crack ou lança-perfume. Quem descumprir a regra pode pegar gancho (suspensão) de 90 dias.
- O “despreparo”, ou seja, a incapacidade de cumprir compromissos da organização também entra na lista. É considerado um ato condenável e passível de graves punições.
- Cartilha regula a relação entre padrinhos e afilhados. Afilhados são batizados no salve (comunicado); padrinhos que falham podem ser suspensos e impedidos de batizar novos membros.
- Ações mais severas, como pena de morte, são analisadas pela “sintonia” com cautela em casos graves como traição ou delação.
O que aconteceu
- O preso, flagrado com o material, foi condenado recentemente a quatro anos e cinco meses. Na ocasião, o preso estava a caminho da enfermaria, quando foi revistado por agentes penitenciários.
- A cartilha foi apreendida e encaminhada para perícia. De acordo com a Polícia Civil, exames grafotécnicos constataram que o documento foi escrito por ele.
Fonte: Uol