Policia diz que Cupertino não foi capturado e segue foragido
A polícia do Paraná confirmou nesta quarta-feira (28) que Paulo Cupertino não foi preso no estado. A polícia chegou a confirmar que o assassino do ator Rafael Miguel, da novela “Chiquititas”, e também os pais do rapaz, teria sido capturado na cidade de Centenário do Sul, a 400 km de Curitiba, nesta manhã, e levado para a delegacia seccional de Maringá.
Em nota, as polícias militar e civil paranaenses negam a prisão e a divulgação de informações sobre a suposta detenção de Cupertino. “A Polícia Civil do Paraná (PCPR) informa que não divulgou informações, assim como não confirmou, em nenhum momento, a prisão de Paulo Cupertino. Também não foi feita solicitação de informações ou contato com a Polícia Civil de São Paulo que tratasse de uma suposta prisão”, diz em nota a Polícia Civil do Paraná. “Todas as informações sobre o caso foram veiculadas exclusivamente via imprensa, sem confirmação oficial da PCPR”, conclui o comunicado.
A PM-PR também emitiu comunicado sobre o ocorrido. “A Polícia Militar do Paraná esclarece que não existiu a prisão de Paulo Cupertino por parte de equipes policiais militares, bem como não existiu comunicado oficial a nenhum órgão ou instituição de que teria havido tal prisão”, diz o texto.
“A PM do Paraná afirma que houve um equívoco por parte da autoridade policial de São Paulo ao efetuar tais informações. A PM do Paraná reitera que não pode ter havido confusão por parte desta instituição sobre uma informação que não foi dita pela PMPR. Qualquer outra informação divulgada diferente do conteúdo desta nota não representa a posição oficial da Polícia Militar do Paraná sobre o assunto”, complementa a nota.
Nesta semana, a Record TV revelou que Cupertino passou pelo Paraná durante a fuga, logo após o crime, e conseguiu emitir um RG oficial com dados falsos.
O delegado-geral de São Paulo Ruy Fontes afirmou que a Divisão de Capturas de São Paulo recebeu a informação da Polícia Civil do Paraná de que Paulo Cupertino tinha sido preso com documento falso em uma blitz de trânsito da PM em Centenário do Sul, região de Londrina. E que depois a informação não foi confirmada.
A informação foi transmitida pela PM paranaense, comunicando a polícia civil que estava levando o preso para a delegacia. A partir dessas informações, o delegado-geral de Sâo Paulo confirmou também para o Palácio dos Bandeirantes que Paulo Cupertino tinha sido preso e que iria mandar buscá-lo no Paraná. Mas o tal homem detido ainda não chegou na delegacia.
O delegado da Polícia Civil de São Paulo Nico Gonçalves, disse ao Balanço Geral que recebeu a informação de que o homem suspeito não é Cupertino. “A caçada continua”, disse Nico.
O delegado-geral do Paraná alertou o delegado geral de São Paulo de que a PM paranaense pode ter se equivocado.
Ainda segundo o delegado-geral, a PM e a Polícia Civil do Paraná pediram o mandado de prisão de Cupertino. O documento foi encaminhado por e-mail para oficializar a prisão. A Polícia do Paraná deve esclarecer a confusão sobre o caso ainda nesta tarde.
Novo RG
Após a descoberta de que o novo RG de Paulo Cupertino foi tirado em Jataizinho, no Paraná, com o uso de informações falsas, o documento de identidade emitido em nome de Manoel Machado da Silva foi cancelado. As informações são da Record TV.
A delegacia de Ibiporã, no Paraná, abriu inquérito para investigar como ele conseguiu tirar o RG com dados falsos um mês após cometer o assassinato do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem. O único funcionário do instituto de identificação prestou depoimento nesta terça-feira (27) e disse não saber quem era o emissor do RG.
A carteira foi emitida em 16 de julho de 2019. O endereço dado para tirar o documento não existe. Na vizinhança, ninguém conhece o foragido. Cupertino esteve pessoalmente no posto de identificação duas vezes num intervalo de 11 dias, o que indica que ele ficou escondido na região até o RG ficar pronto.
Com o novo documento, ele conseguiria receber remessas de câmbio para se manter durante o período de fuga. Para conseguir o novo RG, ele usou uma certidão de nascimento de Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, mas o cartório da cidade negou que tenha registro de Manoel Machado da Silva no local.
O funcionário que emitiu o RG afirma que nunca ouviu falar de Paulo Cupertino. Sem mostrar o rosto, ele negou qualquer envolvimento na falsificação do documento. “De fato, ele deve ter ido lá mesmo, eu colhi os dados dele, a certidão, o CPF, a foto, tirei as digitais dele, digitalizei e mandei para o instituto. Agora, eu estou sabendo aqui que a certidão é falsa”, afirmou o funcionário à Record TV.
O documento é a última pista oficial que a polícia tem da fuga dele. O crime aconteceu em São Paulo no dia 9 de junho do ano passado. Cupertino atirou treze vezes nas vítimas na frente da casa. Depois, nunca mais foi visto. Ele não aceitava o namoro da filha Isabela com Rafael.
O delegado responsável pelo caso, Vitor Dutra de Oliveira, afirma que é investigada a possibilidade do funcionário ter sido induzido a erro. “Se durante as investigações tiver alguma comprovação de facilitação de funcionário público, esses serão punidos, mas existe a possibilidade de ter sido induzido a erro, principalmente, pelas circunstâncias e características físicas diferentes que ele se apresentou para fazer a identidade, bem como aqueles documentos falsos que foram apresentados para induzir que não era ele.”
Cupertino usou o nome de Manoel Machado da Silva. Na foto, ele aparece com o cabelo curto, todo penteado pra trás, diferente do cabelo comprido de quando fugiu. Cupertino também deixou a barba crescer.
Na carteira de identidade, Manoel Machado da Silva é filho de Carlos Pereira da Silva e Maria Gomes Machado da Silva. Enquanto os nomes dos verdadeiros pais de Cupertino são Manoel Matias Sobrinho e Amélia Cupertino. O número do CPF informado também não é o dele.
Cupertino foi denunciado pelo MP-SP (Ministério Público de São Paulo) em junho. Em setembro de 2019, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que Cupertino também foi incluído lista de procurados pela Interpol.
Segundo a investigação, Cupertino teria passado por mais de 300 endereços em 10 estados e dois países da América do Sul. O delegado Bruno Tessari pediu a prisão preventiva de Cupertino no dia 3 de junho, após interrogar dois amigos do suspeito, que contaram como ajudaram o homem a fugir de São Paulo logo depois do crime. A dupla também foi denunciada pelo MP.