Polícia

“Saí de casa para morrer”, diz garota de 20 anos de Colorado do Oeste que desistiu da tragédia após ouvir oração em rodoviária

Uma simples visita ao perfil da jovem Letícia Alves de Oliveira no Facebook mostra o quanto é delicado o quadro de saúde mental dela: postagens sobre pessoas desaparecidas e comentários falando de suicídios predominam nas últimas publicações.
A garota, que fará 21 anos na semana que vem (mais precisamente no dia 05 de setembro) passou dois dias desaparecida, após sair de casa, em Colorado do Oeste, dizendo que iria fazer uma caminhada. Mais tarde, a família descobriu que, naquele mesmo dia, Letícia havia embarcado num ônibus para Vilhena.

O jornal ajudou na divulgação do desaparecimento e a jovem coloradense foi localizada em Vilhena. A reportagem publicada pelo site rendeu dezenas de comentários, inclusive da própria Letícia, reagindo aos ataques sofridos na página.

UM DRAMA QUE POUCOS ENTENDEM
Ao aceitar conceder entrevista por telefone para falar de seu caso, Letícia expôs um drama que muitas famílias tentam até esconder: ela sofre de um grave transtorno mental (já diagnosticado por exames psiquiátricos) conhecido como “Borderline”.

E foi justamente a doença que a fez empreender fuga, mas aí vem a revelação mais dramática: ela havia saído de Colorado do Oeste com a intenção de se matar. “Nem me despedi, porque a dor seria maior. Mas queria que a minha família só me encontrasse morta”, contou, entre lágrimas.

ORAÇÃO CONTRA O MAL
Já em Vilhena, Letícia passou dois dias andando pela rua, sem comer e sem dormir, até encontrar com um grupo de hippies na rodoviária. Neste momento, apareceu uma mulher e perguntou a ela e os artistas, que sobrevivem da venda de artesanato: “eu posso orar por vocês?”

Após a prece, conta a jovem, ela desistiu da empreitada suicida já planejada: se jogar na frente de uma carreta na BR 364. “Eu comecei a lembrar da minha vó e do meu primo, que é como um filho pra mim. Pensar neles meu deu ânimo para não morrer”.

A garota também citou a mãe com carinho, arrependendo-se da dor maior que conseguiu evitar para ela: “ela é meu maior motivo para estar Viva”.

JULGAMENTOS
Letícia diz que o maior problema que vem enfrentando são os julgamentos, após seu caso ser exposto nas redes sociais. “Muitos estão me ajudando, e eu agradeço, mas esses julgamentos me fazem ter vontade de desistir”, diz, sobre os comentários sem empatia que acabou lendo.

“Me ajudem, eu quero e preciso recomeçar. Eu vou continuar meu tratamento, mas essas pessoas que nem me conhecem e não convivem comigo só me fizeram mal”, finalizou.

PREVENÇÃO
O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Ligue 188 ou ACESSE AQUI para receber ajuda.

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