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Urutu-cruzeiro é temida pelo poder do veneno

Amplamente distribuída no Brasil, a urutu-cruzeiro (Bothrops alternatus) é uma serpente conhecida pela fama de perigosa. Das regiões Sul e Sudeste ao Centro-Oeste, corre o ditado: “a urutu, quando não mata, aleija”.

A preocupação não é à toa: as ocorrências com serpentes do gênero Bothrops representam 90% dos acidentes ofídicos notificados no Brasil.

No entanto, é importante entender que a composição do veneno varia entre as famílias, gêneros e espécies: misturas complexas de enzimas e polipeptídeos, as secreções liberadas pelas serpentes são decorrentes de variações geográficas, sexuais e sazonais.

A urutu-cruzeiro se alimenta principalmente de pequenos roedores — Foto: Samuel Maria/Arquivo Pessoal

Dessa forma, problemas como edemas, hemorragias e necrose não são sintomas característicos de todos os acidentes com serpentes.

A urutu-cruzeiro, por exemplo, tem veneno pouco ativo quanto às atividades enzimáticas, de forma a possuir baixa atividade hemorrágica e necrosante nas ações locais.

Amplamente distribuída no Brasil, é considerada uma das espécies mais comuns do gênero Bothrops — Foto: Samuel Maria/Arquivo Pessoal

Atenção nunca é demais

Apesar do veneno não ser tão perigoso quanto o de outras serpentes, é importante evitar aproximação com a urutu. Isso porque, por ocupar vários tipos de habitat, não existem informações suficientes para afirmar que o veneno da espécie seja semelhante ao longo da sua distribuição.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, o animal é responsável por acidentes com humanos com certa frequência.

As fêmeas são maiores que os machos e demoram mais tempo para atingir a maturidade sexual — Foto: Samuel Maria/Arquivo Pessoal

A espécie

Com até 1,7 metro de comprimento, a urutu-cruzeiro é terrestre e possui corpo robusto.
Encontrada no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, a serpente também ocorre na Argentina, Paraguai e Uruguai, preferencialmente em áreas abertas.

Serpentes do gênero Bothrops representam 90% dos acidentes ofídicos notificados no Brasil — Foto: Samuel Maria/Arquivo Pessoal
Considerada uma das espécies mais comuns do gênero Bothrops, a urutu se diferencia das demais pela dieta: abre mão da variedade de anfíbios, lagartos, aves, mamíferos e outras cobras para predar, exclusivamente, mamíferos.

No cardápio da espécie constam roedores como camundongos, ratazanas, capivaras e preás, e marsupiais, como os gambás.

A preferência pelas presas se deve à ocorrência dos mamíferos em diversos habitats como campos, lavouras, florestas, capoeiras, capinzais, gravatazais, bordas de matas, regiões cultivadas e áreas urbanas.

Com até 1,7 metro de comprimento, a cobra é robusta e se alimenta de mamíferos — Foto: Samuel Maria/Arquivo Pessoal

Reprodução

A diferença entre machos e fêmeas da espécie é notada pelo tamanho das fêmeas, que são maiores.

O crescimento entre os gêneros pode estar relacionado à reprodução, já que o tamanho corporal da fêmea tende a aumentar a fecundidade, enquanto o tamanho menor do macho facilita a mobilidade e o deslocamento, características que permitem uma frequência maior de cópulas.

A serpente também ocorre na Argentina, Paraguai e Uruguai — Foto: Samuel Maria/Arquivo Pessoal

Outro detalhe que chama o atenção é a maturidade sexual dos indivíduos: a fêmea pode demorar até a terceira temporada reprodutiva para amadurecer, já que precisa crescer para produzir maior massa de ovos e maior número de filhotes.

O desenvolvimento embrionário da urutu-cruzeiro ocorre entre a Primavera e o Verão, épocas do ano em que as serpentes têm mais facilidade em manter a temperatura corporal elevada e constante.

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