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Idoso morre um dia depois de receber alta de hospital

Um paciente do Hospital Estadual de Anchieta, no Caju, Zona Norte do Rio, morreu menos de 24 horas depois de ter alta. Valdecir Costa, de 75 anos, morreu em casa, na sexta-feira (22).

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Segundo a família, o idoso testou positivo para Covid-19 e teve alta na quinta-feira (21), mesmo sem conseguir respirar e andar direito. Ele ficou quase um mês internado no hospital e, tinha uma doença crônica no sangue.

“Meu pai foi liberado. Deram alta pra ele e ele continuava com Covid. Ele não conseguia andar, não conseguia falar, não conseguia respirar. Simplesmente o hospital de Anchieta liberou o meu pai. O estado brasileiro matou o meu pai. O meu pai tá aqui em casa agora. Mataram meu pai. O hospital de Anchieta matou meu pai”, disse o filho do idoso, Geovane Costa.

E acrescentou:

“[O hospital] Me ligou dizendo que simplesmente o meu pai tava bem, que ele poderia ter alta. Isso é desumano”.

Hospital precisava de leitos

O filho de Valdecir disse ainda que a família tentou questionar a alta médica do pai. Mas, segundo ele, uma funcionária do hospital disse que o idoso já estava bem e que a unidade estava fazendo uma triagem dos pacientes porque precisava liberar os leitos.

“A menina disse que ele tava bem, que ele teve alta. Eu falei assim: mas tem certeza? O meu irmão, falou: meu pai tá assim, por que ele tá assim? Tá debilitado. A menina disse: ‘Não, ele tá bem sim, inclusive, eu tava esperando você porque a gente tá fazendo uma triagem e a gente tem que liberar’. Liberar até o leito. Foi isso que disseram pra ele”.

Geovane reclama também do desencontro de informações no hospital.

“Toda vez que eu ligava, era uma falta de informação. A assistente social me ligou umas três vezes perguntando quem eu era. Isso com o meu pai internado. Três vezes perguntou quem eu era e dizendo que não tinha o meu contato. Teve uma vez que uma médica me ligou e falou que ‘não está anotado aqui a doença dele’. Ou seja, a possibilidade de terem dado um remédio errado pro meu pai, porque ele tem uma doença crônica que não é simples de tratar. O hospital não me dava um laudo, não me dava informação correta, eu não tinha informação clara de nada”, reclama.

Procurada, a Secretaria Estadual de Saúde disse que não procede a informação de que o idoso foi liberado para disponibilizar vagas.

Referência para Covid-19

O Hospital Anchieta foi reaberto pra se tornar referência no tratamento da Covid-19, mas na sexta-feira (22), a unidade ficou, pelo menos, 12 horas sem médicos na UTI. Seis pacientes em estado grave estavam internados no setor.

Um médico da unidade falou sobre a falta de estrutura e de profissionais.

“A gente acabou de entubar um paciente na enfermaria. Tem oito leitos de CTI e não tem nenhum médico, não tem como receber paciente lá. Não tem uma ‘gaso’ agora pra fazer nessa senhora entubada para ajustar parâmetro, cara. Vai morrer gente na enfermaria, tá morrendo gente no CTI. Já são seis horas da tarde e não chega um médico, eu avisei isso ao meio-dia. Eu vou entrar no meu carro, vou fazer um boletim e vou sair daqui”, disse o médico.

 

Os profissionais dizem que ainda não receberam o salário de abril.

Na semana passada, a Secretaria Estadual de saúde anulou o contrato da Organização Social (OS) que administrava a unidade. A gestão passou para a Fundação Saúde, que afirma que só vai pagar os salários a partir de maio.

A situação fez o responsável pela contratação de funcionários do hospital começar a enviar mensagens em grupos de Whatsapp pedindo que médicos intensivistas fossem trabalhar na unidade, ainda na noite de sexta-feira. O pagamento pelo plantão de 12 horas seria de R$ 1,3 mil.

Na sexta-feira, a Secretaria de Saúde enviou uma nota dizendo que a direção do Hospital Anchieta nega qualquer problema na unidade.

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