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‘Não é meu perfil, nem o ser humano que eu sou, diz diretor do HMMI de Cacoal em relação a áudio vazado sobre “ter tomado 3 doses de vacina”

Em entrevista do RO Notícias, Célio Candil alega que o contexto era outro: falavam sobre negacionismo e rejeição aos imunizantes

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Diretor do HMMI de Cacoal, Célio Candil | Foto cedida: TV Suruí

Além do título de “capital do café”, Cacoal tem se tornado a “capital da polêmica” quando os assuntos são política e saúde.
A mais recente envolve o atual diretor do Hospital Municipal Materno Infantil, Célio Candil, que também já foi secretário municipal de saúde. Enfermeiro por formação e servidor da pasta que escala profissionais para a linha de frente, tem direito a receber duas doses de algum dos imunizantes utilizados no estado (Coronavac e Astrazeneca), de acordo com a primeira fase do plano de vacinação do governo. No entanto, um áudio vazado de fonte anônima em um aplicativo de mensagens é atribuído a Candil, falando em tom, aparentemente de brincadeira, que “tomou mesmo não duas, mas três doses da vacina porque estavam sobrando”.

” ‘É’ duas ‘vacina’ só, duas doses, e eu tomei três por garantia. ‘Tava’ lá sobrando, ah, dá aqui, pronto…se matar, né, Lu? Se matar, né, como é que fala? (…) é isso aí, tomei…”

– Diz a voz em trecho de uma conversa informal, gravada em um momento descontraído de trabalho.

Célio Candil conversou nesta sexta (26) com a reportagem do RO Notícias, e disse que tudo foi um mal entendido, que o contexto era de brincadeira num momento descontraído do horário de almoço no hospital: “É uma montagem, um áudio montado”. 

“O contexto da história não foi esse, o contexto foi outro…em raros momentos que a gente tá tendo aqui, de minuto de paz, tanto é que foi no almoço. E nessa conversa a gente estava falando sobre as pessoas que são contra a vacina, tem pessoas que não são favoráveis, não tomam. E foi essa a discussão, e foi nesse momento que eu falei: eu sou muito favorável à vacina, tomei uma, tomo duas, que são duas doses, né? A terceira se tiver… se tiver outras doses e se precisar eu tomo, porque eu tenho medo. Eu estou com medo!” 

– explica quando questionado sobre a veracidade da gravação do áudio, rebatendo contra o movimento negacionista em relação à importância da imunização e a existência do vírus.

Célio Candil, Diretor do HMMI de Cacoal (à esquerda) recebendo a visita do presidente da câmara de vereadores, João Paulo Picheck | Foto: reprodução

O pano de fundo da repercussão do áudio e da revolta gerada por ele entre as pessoas é a dificuldade que o Brasil enfrenta para acelerar a produção de doses do Bututan e a morosidade no processo de aquisição de mais doses por parte do governo federal. Ele confirma que já tomou duas doses, mas não foi de imediato. Até a última quinta (25) pouco mais de 12 milhões de brasileiros haviam recebido a primeira dose de algum dos imunizantes contra a doença e outros 3.917.526 tomado a segunda. Célio diz compreender o cenário crítico e também sentir dor em relação às mortes registras (3.831 em Rondônia e mais de 307 mil em todo o país).

“Semana passada eu enterrei um primo. (…) Eu ‘tô’ vendo muita gente morrendo todos os dias, todos os dias… muita gente contaminada, muitos jovens morrendo. (…) quatro amigos meus morreram em 24 horas, então , é… o contexto do áudio era esse, da vacina, de que eu acredito na vacina, que eu tomaria sim, a terceira dose, a quarta, a quinta, quantas doses precisassem porque eu acredito, pelo fato de eu estar assustado, com muito medo, pela quantidade de pessoas que estão morrendo no mundo, no brasil… e a coisa tá desandando de uma forma muito violenta.”

– lamenta o diretor do Hospital Municipal Materno Infantil de Cacoal.

Célio diz estar abalado com o acontecimento, e acredita que tudo foi feito com más intenções: “A pessoa editou o vídeo e postou essa fala errada aí. Sempre tem gente maldosa. Quem me conhece sabe do meu coração. Então, alguém maldoso pegou essa fala, editou e soltou. Fazer o que? Isso é coisa de gente do mal. Não é nem o meu perfil, nem o ser humano que eu sou. Sou enfermeiro por formação e fui treinado pra salvar vidas.” – finaliza.

À TV Suruí, emissora afiliada da TV Cultura em Cacoal, José Pereira, chefe da pasta municipal da saúde, disse que “foi uma grande surpresa” e que a secretaria vai apurar o caso.

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