ANIVERSÁRIO – Nova Brasilândia D’Oeste completa 34 anos produzindo mudas de café clonal em viveiro e projetando jovens cientistas
A 660 quilômetros da Capital, por rodovia, Nova Brasilândia D’Oeste faz 34 anos neste sábado (19). A marca da diversificação agrícola está presente. Com área de 1,15 mil km², desmembrado de Presidente Médici, na BR-364, Nova Brasilândia D’Oeste nasceu da Lei Complementar nº 157, de 19 de junho de 1987, de autoria do então deputado estadual Manoel Messias da Silva, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo ex-governador Jerônimo Santana.
Os 20,4 mil moradores (IBGE, 2018) são chamados de brasilandenses. Produtores animam-se com a cultura cafeeira que vem se expandindo na região. Desde 2018, o agricultor Rudinei Tietz produziu mais de 600 mil mudas de café clonal em embalagens biodegradáveis, em sua chácara no Km 2 da Linha 17. Outros produtores adquiriram suas mudas e formam lavouras.
As primeiras eleições para sua constituição política ocorriam em 15 de novembro de 1988, elegendo-se como primeiro prefeito, Adhemar Peixoto Guimarães, e vice, o contador Roque José de Oliveira. Em junho de 2021, a prefeitura prestou homenagem póstuma a Alziro Montovane Cunha, de 60 anos, um dos pioneiros da cidade.
LIXO ELETRÔNICO X EDUCAÇÃO
No ensino fundamental e médio, grupos de alunos se voltam para o debate do lixo tecnológico. Há quatro anos, alunos da Estadual de Ensino Fundamental e Médio Aurélio Buarque de Holanda organizaram um pit stop no centro da cidade para dizer o que esperavam do projeto que conscientizava pessoas a respeito do descarte correto do lixo eletrônico.
Esses estudantes participaram da inesquecível 3ª Feira Científica de Inovação e Tecnologia (Ferocit) da Seduc, no Colégio Santa Marcelina, em Porto Velho. Alunos que, antes de iniciarem seus inventos, visitaram o aterro sanitário da cidade, coletando tudo o que poderia ser reaproveitado. Iniciantes do aproveitamento de sucatas úteis, para o bem comum.
“A história deles incorporou algumas ideias nascidas e amadurecidas em aulas de biologia, química e no laboratório de informática. E assim eles foram escalados para ir ao Colégio Santa Marcelina, em Porto Velho, sede da Ferocit”, lembra o ex-coordenador daquele evento, Ederson Rodrigues.
Usando no pescoço um colar em espiral, resultado de reciclagem de computador, a aluna Thaís Cristina Faria Andrade, do 3º ano, e seu colega Natan Silva, do 2º, explicaram que desde 2014 a equipe vinha se esforçando para fazer o melhor, reaproveitando e transformando peças. Inventaram de tudo um pouco, incluindo uma bicicleta que acende a lâmpada LED e um robozinho.
Eles lotaram o estande da escola com enfeites fabricados com mouse; abajur com fonte energética de computador; mascotes de Wall-E [revelando a realidade da Terra soterrada, cheia de lixo e poluída com gases tóxicos da própria humanidade]; um mini helicóptero; caixinhas feitas de bateria de teclado; uma moto com carregador de celular na rabeira; chaveirinhos; farol feito de webcam; rodinhas de ferro em motos; agendas feitas de antigos disquetes; apontadores de lápis; molinete para gerar energia; e a réplica do avião 14 BIS.
Alunos que encheram de orgulho o professor de biologia, Edson Carlos Cabral, não apenas pelos feitos, mas pelo sentido econômico que também conseguiram imprimir às ideias. “A escola iniciou a comercialização dessas peças durante uma feira de ciências; conquistamos o 1º lugar no 3º Seminário 2014 Minha Escola Educa com projetos e utiliza novas tecnologias”, lembrou Cabral.
Tão atual, que, numa Faculdade em Porto Velho, alunos de engenharia ambiental do professor de Química César Luiz Guimarães também seguiram essa linha, iniciando a coleta de pilhas usadas nas quais estão contidos: cádmio, chumbo, mercúrio, níquel, zinco e outros metais pesados poluentes.
FORMAÇÃO GEOLÓGICA
A região de Nova Brasilândia é formada por solos podzólicos vermelho-amarelos e latossolo amarelo, caracterizada por apresentar indivíduos arbóreos bastante espaçados onde são comuns espécies de abiorana, copaíba, jatobá, seringueira, cupiú, matamatá, bambus, cipós e palmeiras.
É o que constatou o Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil, da antiga Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais [atual Serviço Geológico do Brasil]. “São áreas sujeitas à ação antrópica, que exibem abate da vegetação primitiva para atividades extrativistas e agropecuárias, localizando-se ao longo das linhas de colonização do Incra, e quando abandonadas dão origem às capoeiras e às florestas parcialmente exploradas”, explica o estudo.
Já a professora Maria Lúcia Cereda Gomide, do Departamento de Educação Intercultural da Universidade Federal de Rondônia (Unir), lembra que os cerrados em Rondônia têm a importância de se localizarem como o limite norte do domínio dos cerrados brasileiros e são ainda considerados os mais ricos das áreas isoladas na Amazônia. “É relevante também considerar que os cerrados rondonienses são ligados por “corredores contínuos” aos cerrados do Centro-Oeste do Brasil”, assinala.
O Planalto dos Parecis ocupa área em Nova Brasilândia, estendendo-se ainda por terras indígenas Uru Eu Wau Wau, Massaco, Kwaza do Rio São Pedro, Tubarão Latundé, Parque Indígena do Aripuanã, Mequéns, Roosevelt.
ÁGUA PARA TODOS
A Secretaria Estadual do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) vem notificando municípios em dificuldades para recuperar nascentes d’água, para se candidatarem aos serviços que também incluem o replantio de mata ciliar.
Nova Brasilândia está entre eles, ao mesmo tempo em que também consta na lista dos contemplados por 11 projetos aprovados para que a Secretaria Estadual de Planejamento, Orçamento e Gestão (Sepog) invista R$ 8,18 milhões na continuidade do Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Água, na rubrica financeira do “Água para Todos”.
A zona urbana possui 2,4 mil domicílios com água encanada.
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ESTATÍSTICA
PIB: R$ 178,5 milhões
Renda per capita: R$ 18,08 mil (2018)
IDH: 0,643