Postos de combustíveis no Espírito Santo relataram estar sem alguns produtos, principalmente gasolina e diesel S10, os dois mais populares.
Com a escassez, a previsão de retorno à normalidade pode demorar de quatro dias a uma semana. Enquanto isso, os preços do litro de ambos os produtos podem subir pelo menos R$ 0,20.
Quem faz a previsão de alta no preço é o diretor de Comunicação do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindipostos-ES), Rogério Lube.
“A situação hoje é que todo o diesel S10 está vindo por terra, assim como a gasolina. Isso impacta em, no mínimo, 20 centavos a mais nos preços. O Brasil depende de importação de diesel S10, então nas nossas refinarias falta o combustível”, explicou Lube.
“Nosso maior exportador de combustíveis é os EUA. Com a guerra na Ucrânia, eles trancaram todas as fontes de energia, entre eles o petróleo, então não temos mais S10 vindo. A gasolina é um problema, pois também dependemos de importação e o consumo aumentou”, completou.
O presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas Líquidas, Inflamáveis Gasosas, Corrosivas, Químicas e Petroquímicas do Estado (Sindliqes), Joceny Scheidegger, ainda adiciona mais um fator para explicar a escassez de combustíveis.
Segundo ele, além da diminuição da importação, menos navios chegam aos portos com os combustíveis e, o último navio devia ter chegado ao Estado no último dia 24, porém não veio e só deve chegar hoje pelo Porto de Vitória.
“Desde que começou a guerra, houve uma diminuição na importação. Temos pouco no estoque, sendo que o consumo é de 210 milhões de litros de combustíveis por mês aqui no Estado. O último navio era pra ter trazido combustível no dia 24”, disse o presidente do Sindliqes.
A Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), responsável pelo Porto de Vitória, confirmou a chegada dos combustíveis.
“O Porto de Vitória não tem fila de espera para atracação. A operação não para. Para este sábado (hoje), está programada atracação de uma embarcação para descarga de 15.500 toneladas de gasolina e 9.300 toneladas de diesel. Na próxima semana, dia 12, outro navio tanque estará desembarcando mais 14.600 toneladas de diesel”, informou, por meio de nota.
Desabastecimento vira receio também para lojas
A falta de combustíveis nos postos pode causar impacto em cadeia, caso perdure por mais alguns dias. Falta de mercadorias e insumos nas lojas não está descartada nos comércios e indústrias do Estado.
O diretor da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Fernando Otávio, teme a falta de mercadorias nas indústrias, assim como os insumos para manter a cadeira produtiva em atividade pelos próximos dias, o que traria perdas também para outros setores, como o comércio.
“Estamos analisando as informações sobre as razões e os prazos de solução, para poder avaliar impactos na indústria em geral. Para as pequenas indústrias o impacto imediato é na mobilidade para as mercadorias, funcionários e clientes, e elas sentem os reflexos imediatamente juntamente com a população. Se perdurar, pode faltar mercadoria para as pequenas indústrias, faltar insumo, e ter dificuldade de vender a produção”, observou Fernando Otávio.
O diretor da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Do Estado, José Carlos Bergamin, espera que a falta de combustíveis não dure por muitos dias.
“A cadeia produtiva e de distribuição acredita que a falta não será generalizada, que são dificuldades momentâneas e pontuais. Sabemos que País é movido por meio dos derivados do petróleo e, além das dificuldades que já temos com os preços elevados, não podemos incluir, também, a variável da escassez”, avaliou.
Fonte: tribunaonline.com.br
