Com filho autista mãe pedala 5 horas por dia para acalmar o filho
“Já tentei de tudo: banho de chuveiro, piscina, comida, brincar de montar… nada deixava meu filho calmo. Até que ele começou a ir lá fora e bater no portão. Um dia, resolvi abrir pra ver o que ele queria. Ele voltou e apontou para a bicicleta. Saímos para pedalar por um hora e, quando voltamos, ele queria mais”, lembra Suellen Cristina Budenetz, 29, de Garuva, interior de Santa Catarina.
Isso foi há quatro anos. Desde então, Suellen sai para pedalar com o filho, Adrian Gabriel, 10 anos, diariamente. Em entrevista à CRESCER, ela contou que além do autismo, o menino foi diagnosticado com microcefalia ainda na gravidez e síndrome de Dubowitz — que causa, principalmente, atraso mental e de crescimento —, logo após o nascimento. “Eu sempre amei crianças e um filho meu, para mim, é tudo. Então, me dediquei muito a ele, desdo o começo. Mas eu nunca tive contato e nem conhecia ninguém com alguma síndrome, então, nos primeiros anos fiquei um pouco perdida, não sabia o que iria acontecer com o ele. Meu maior medo era perdê-lo. Ele não fala e é totalmente dependente de mim. Por falta de coordenação motora, preciso alimentá-lo, também dou banho, ele ainda usa fraldas, então, preciso fazer tudo. E todos os dias, a rotina precisa ser a mesma”, conta
Suellen conta que, pela manhã, o filho costuma ser mais tranquilo. “Mas, hoje, por exemplo, ele estava muito agitado e tiver que sair com ele. Às vezes, de tão agitado, ele chega a se machucar. Mas, normalmente, saímos 13h30, andamos cerca de 5 horas por dia e chegamos em casa 18h30. Se quando chego, ele ainda está muito agitado, a gente anda um pouco mais. Agora, esse passeios já fazem parte da nossa rotina”, completa.
Basta observar as fotos pra notar a felicidade de Adrian. “Ele adora. Quando saímos do portão, ele já começa a sorrir, sobe feliz na bicleta. Ele também gosta muito de ônibus, então, passamos em um lugar onde os ônibus ficam parados e ficamos um pouco lá, pra ele ficar olhando. Andamos por toda a cidade. Ele gosta muito, principalmente quando ele anda na frente”, diz.
Quanto ao cansaço, ela afirma: “Às vezes, fico cansada sim. Tem dias que chego e tenho que descansar um pouco, antes de fazer as coisas em casa, mas pedalar também me faz muito bem. Eu tinha crises fortes de ansiedade e depois de começar a pedalar, elas sumiram. Então, me sinto bem! Gosto de ver o Gabi bem feliz e isso, pra mim, é uma realização diária”.