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Fungo Negro: Brasil investiga pelo menos quatro casos de mucormicose

O Brasil investiga pelo menos quatro casos de mucormicose, entre eles duas mortes, associadas à Covid-19. A doença ficou popularmente conhecida como “fungo preto” após ser registrada em cerca de 9 mil pacientes de Covid-19 na Índia. Casos teriam ocorrido no Mato Grosso do Sul, Amazonas, São Paulo e Santa Catarina, com duas mortes suspeitas da doença.

No Mato Grosso do Sul, um idoso de 71 anos, que estava internado desde 18 de maio, com quadro grave de Covid, em Campo Grande, apresentou 12 dias depois lesão necrótica na pálpebra do olho esquerdo e faleceu na última quarta-feira.
Em Manaus, um homem de 56 anos, morreu em abril passado quatro dias depois de ser internado com quadro de gripe e prurido no olho direito. O teste RT-PCR, feito no dia da internação, teve resultado negativo para coronavírus. Os dois eram portadores de diabetes, comorbidade de risco tanto para Covid-19 quanto para a infecção por fungo.

A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado confirmou o caso de mucormicose em Manaus. O resultado do exame feito no paciente de Campo Grande, no dia 31 de maio, ainda não ficou pronto, mas a superintendente de Vigilância em Saúde da prefeitura, Veruska Lahdo, afirma que a lesão era compatível com a doença.

“O quadro do paciente era instável e progrediu rápido. O tratamento da mucormicose com antifúngico é longo, demorado”, explica Lahdo.

Segundo o infectologista Vinícius Ponzio, da Universidade Federal de São Paulo e do Hospital 9 de Julho, o desenvolvimento da mucormicose ocorre em pessoas com baixa imunidade – seja por diabetes não controlada ou em pacientes transplantados de medula e órgãos sólidos. Há ainda possibilidade de adquirir o fungo em tatuagens e traumas por acidentes de moto, por exemplo.

Ponzio explica que mais de 10 tipos de fungos presentes no meio ambiente causam a doença, que é de difícil diagnóstico.

“A mucormicose é mais comum nos seis da face, nos olhos e no nariz, mas pode atingir o cérebro, pulmão e intestino. No caso de pacientes com Covid, 90% dos casos ocorrem no nariz e nos seios da face, provocando dor de cabeça e febre. Os primeiros sintomas são nariz tampado e secreção escura, com eliminação de placa escura devido à necrose. No caso do olho, há dificuldade para enxergar, com manchas escuras na visão”, explica Ponzio.

O tratamento, segundo ele, dura pelo menos seis meses e o diagnóstico precoce é o mais importante, para evitar a necrose dos tecidos infectados pelo fungo. O tratamento é feito com doses altas do antifúngico Anfotericina B. É preciso ainda controlar as doenças de base, como diabetes e, no caso de pacientes com Covid-19 reduzir o uso do corticóide.

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