A Polícia Civil do Rio investiga um estudante de medicina suspeito de trabalhar na linha de frente do combate à pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2) exercendo a função de médico.
A investigação aponta que Davi Paula Torres de Souza, de 28 anos, é contratado da empresa Tuíse, que oferece serviços terceirizado de ambulâncias para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Ainda de acordo com a polícia, Davi não tem diploma, cursa medicina em uma faculdade da Argentina e atuaria como médico responsável pelos pacientes durante o transporte.
As diligências começaram assim que a 38ª DP (Brás de Pina) recebeu a denúncia de que ele estaria dando plantão no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles, em Irajá, na Zona Norte do Rio.
Os agentes foram até a unidade e constataram que havia um médico, identificado como Davi Cotrim, que estaria na unidade. Os policiais não o encontraram e entraram em contato com o suposto “doutor Davi Cotrim”. Pelo número, os investigadores chegaram ao nome verdadeiro do estudante, Davi Paula.
Ao atender, ele disse que já tinha visto os agentes e se negou a encontrá-los, segundo o delegado Maurício Mendonça, responsável pelo caso.
Minutos depois, um advogado de defesa entrou em contato para ter mais detalhes do caso. Não há mandado de prisão contra Davi.
O G1 ligou e mandou mensagens para Davi Paula Torres de Souza, mas ele não atendeu nem retornou.
Nas redes sociais, há fotos de Davi ao lado da ambulância e também com roupas especiais contra o contágio da Covid-19.
No Conselho Federal de Medicina (CFM e no Conselho Regional de Medicina do Rio (CRM-RJ), não há registro de médico com o nome Davi Paula Torres de Souza.
Os investigadores acreditam que ele usava, sem autorização, o registro de um médico que atua no Norte Fluminense e tem o mesmo nome, mas outro sobrenome.
Buscas em outros endereços
Além do hospital, policiais foram em endereços cadastrados no nome do suspeito, mas não o encontraram.
“Recebemos uma informação, mas ele ainda não foi localizado. Chegaram informações preliminares e estamos fazendo diligências. Fomos até o hospital, mas ele fugiu e ainda não foi localizado”, disse o delegado ao G1.
O que diz a Secretaria de Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde negou que Davi Paula Torres de Souza seja médico do Hospital Municipal Francisco da Silva Telles e que tenha atuado em plantões da unidade.
Segundo a secretaria, o suspeito, segundo investigadores que estiveram na unidade, atuava como contratado pela empresa Tuíse. Uma notificação foi encaminhada à Tuíse pela SMS para que se esclareça a situação e tome as providências cabíveis.
A Secretaria Municipal de Saúde informou ainda que “vai colaborar com as investigações do fato grave e está à disposição das autoridades policiais para prestar as informações que tenha sobre o caso”.
O G1 também entrou em contato com a empresa Tuíse, mas até a publicação desta reportagem não obteve resposta.
Para a polícia, a empresa alegou que “foi ludibriada pelo falso médico no momento da contratação com a apresentação de documentos falsos”.