Com histórico de lutas e superações, Bombeiros Militares ganham reconhecimento internacional por eficiência funcional
Depois de lutas e vencer desafios desde à época do Território, o Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia é hoje um dos mais eficientes do país na prestação de serviços à população. É o mais rápido, por exemplo, a emitir alvarás de construção, revela estudo do Banco Mundial (Bird). Em apenas 13 dias, o órgão libera uma licença, prazo três vezes menor que a média nacional, a partir da criação de um sistema que permite que todo o projeto seja digital, sem necessidade de impressão. Análises de prédios com 500 metros quadrados (m²) a 600 m² em média, saem em questão de minutos, segundo dados compilados pelo jornalista Montezuma Cruz.
Na Semana do Soldado, o coordenador da Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) do CBM, tenente-coronel Iranildo Dias de Andrade, comemora o fato de que, no ranking nacional, Rondônia faz jus ao reconhecimento por ter criado o sistema ágil, eficaz e único, “nem São Paulo ou Rio de Janeiro têm isso, e já somos referência para outros estados brasileiros”, afirmou o coordenador, ao mesmo tempo em que destacou que licenciamentos mais ágeis contribuem significativamente com a economia estadual”.
O estudo divulgado durante o evento Subnational Doing Business, promovido em 29 de julho pelo Banco Mundial, Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae) e Programa Moderniza Brasil, analisou o período entre o pedido e o início da obra, apontando o CBM/RO como o mais eficiente do País.
INTERIORIZAÇÃO
A interiorização de ações, como órgão autônomo, se colocando lado a lado do cidadão na prestação de serviços de busca e salvamento, resgate aéreo, terrestre e aquáticas, operações guarda-vidas, prevenção e combate a incêndios, primeiros socorros e atendimento aeromédico pelo Grupo de Operações Aéreas (GOA), contribuíram para o aumento dos níveis de satisfação entre seus usuários. Os atendimentos podem chegar por terra, água ou pelo ar tão logo a ligação seja completada pelo telefone 193.
“Quando outros meios parecem falhar, a providência vem do Céu”, afirmou a enfermeira Gislânia Antunes, sete anos de formada e há dois anos no quadro de soldado bombeiro militar, integrando a equipe aeromédica do GOA. Para trabalhar no transporte aeromédico, conta, é preciso muita disposição e abrir mão de tempo. Mas, considera um serviço muito gratificante. Por isso abraçou a profissão e buscou especialização no Distrito Federal em transporte aeromédico.
Sua expectativa é seguir buscando aperfeiçoamento porque é um trabalho anônimo, que dificilmente se fala novamente com o paciente após o atendimento. “Mas que traz satisfação pessoal, mesmo tendo que superar a fadiga e muitas vezes renuncia ao próprio convívio com a família”.
Ela lembrou, por exemplo, que a equipe foi acionada recentemente para um atendimento aeromédico em viagem de Vilhena a Porto Velho durante a madrugada. No mesmo dia, a equipe retornou para atender dois bebês prematuros que nasceram em Rolim de Moura e o hospital local não dispunha e nem encontrava o remédio na microrregião para auxiliar na oxigenação dos pulmões das crianças. “Eu acabara de chegar a Porto Velho de outra missão e sem descansar fui designada para levar o medicamento ao interior. Isto não tem preço para nós da equipe”, afirmou.
Outro atendimento urgente foi o transporte de Porto Velho para Porto Alegre, de um bebê que nasceu com insuficiência cardíaca e não podia fazer pequenos esforços, inclusive mamar, pois corria risco de morte. O recém-nascido foi um dos poucos pacientes com os quais conseguiu manter contato com os parentes após prestar socorro. A mãe dele enviou um vídeo com autorização para divulgar em forma de gratidão e demonstrar a boa saúde do bebê atualmente.
AS DIFICULDADES NA ÉPOCA DO TERRITÓRIO
Na época do Território, no entanto, os serviços eram precários por falta de estrutura e recursos humanos, conforme relatos do historiador e primeiro comandante do Corpo de Bombeiros do Território, capitão Esron Penha Menezes. Ele permaneceu na Guarda Territorial até ser reformado, no ano de 1969, e é considerado o primeiro militar bombeiro de Rondônia. É dele também o desabafo referente à falta de meios, na época, para atender às ocorrências. “Nós pegávamos latas de querosene para apagar o fogo”.
O antigo Corpo de Bombeiros foi criado pelo Decreto nº. 331/1957, subordinado à Guarda Territorial, e Esron Menezes e o 2º tenente Donizete Martins Dantas foram os dois primeiros designados pelo Governo na época para participarem, em 1952, no Rio de Janeiro, do curso de bombeiros para oficiais.
Quando Menezes comandou a Corporação, havia 12 homens e a única viatura era um Jeep velho. Aos poucos o Corpo de Bombeiros foi se estruturando para melhor atender à comunidade. Costumava lembrar duas ocorrências de sinistros em Porto Velho como as mais complicadas da época. Uma foi o incêndio do Mercado Municipal de Porto Velho (atual Mercado Cultural) que teve cerca de 90% de sua estrutura destruída por um incêndio. A outra, um armazém no centro comercial em 1969.
A construção do Mercado Municipal foi iniciada em 1917, demorou 33 anos para ser concluída por divergências políticas entre lideranças da época, e foi praticamente toda consumida pelo incêndio em 1966 em questão de minutos.
Segundo ele, o Corpo de Bombeiros há muito deveria ser desvinculado da PM, porque “a formação do bombeiro é completamente diferente da formação do policial militar”. Isto somente viria a acontecer 10 anos após a promulgação da Constituição Federal de 1988, quando a Segurança Pública de Rondônia passou a contar com mais uma força auxiliar, além das Polícias Civil e Militar.
O Capitão Esron, como era conhecido, faleceu dia 17 de janeiro de 2009, aos 94 anos de idade, vítima de infecção pulmonar. Não escondia sua paixão pela profissão de bombeiro militar e fazia questão de registrar que:
“Bombeiro é o homem que faz tudo por amor à Pátria, à profissão e à pessoa humana. Foi a profissão que eu abracei de coração”, dizia.
CBM NA MODERNIDADE
Com um efetivo de homens bem treinados e bons equipamentos, o trabalho ganha destaque ainda em tempos de pandemia e no combate ao grande número de eventos de incêndio e calor no período de estiagem do chamado “verão amazônico”, de julho a setembro.
Duas outras importantes ações se destacam nessa nova fase do Corpo de Bombeiros. Uma é o Regulamento de Segurança Contra Incêndio e Pânico do Estado, regulamentado pelo Decreto n.º 8987, de 08 de fevereiro de 2000. Este dispositivo, reverteu à arrecadação dos serviços de vistorias técnicas e análises de projetos para melhorar a estrutura operacional e administrativa da Corporação. A outra é a operação “Verde Rondônia”, lançada em agosto com o objetivo de combater os focos de incêndios no Estado. Já apresenta importantes resultados, que vão desde ocorrências diretas de combate aos incêndios, passando por palestras educativas e de orientação.
Segundo o coronel Nivaldo de Azevedo Ferreira, comandante da Corporação, a proposta conta com o integral apoio do governador Marcos Rocha, e visa o emprego dos instrumentos possíveis: orientação, fiscalização e ação, para conter o avanço das queimadas florestais. Este ano, por exemplo foram aplicadas cerca de R$ 35 mil em multas, somente na primeira semana dos trabalhos.
No caso das operações de caráter educativo, são abrangidas as áreas urbanas e no campo, levando informações essenciais sobre a importância de meios de proteção ambiental e sobre os danos que as queimadas provocam.
Cel. Nivaldo detalha algumas táticas adotadas na operação com reforço de contingente em ações específicas, visando à redução de incêndios acidentais e principalmente pelas coivaras “Nossa meta, neste momento, é a redução das ocorrências de degradação ambiental por uso do fogo”, disse.
Até agosto, os grupamentos dos bombeiros militares em Porto Velho, Ariquemes, Ji-Paraná e Vilhena, que registram os maiores índices de ocorrências, atuarão com o reforço diário de mais 10 agentes bombeiros militares nas ações de combate aos incêndios florestais e urbanos.
Já os subgrupamentos serão reforçados com cinco militares, com a missão de orientação e enfrentamento aos atos de degradação ambiental.
Neste primeiro momento, o trabalho das equipes ocorre também nos distritos de Nova Dimensão (Nova Mamoré), Vila Nova de Samuel (Candeias do Jamari) e no Município de Cujubim, Campo Novo de Rondônia, Seringueiras, União Bandeirantes e Alta Floresta d’Oeste; obedecendo ao programa de ação estabelecido como prioridade. Nessas ações, segundo o CBMRO, as brigadas compostas por militares da corporação, estão equipadas e de prontidão para as atividades de prevenção, controle e combate aos incêndios florestais nessas localidades.
A Corporação conta hoje com estrutura e equipamentos para combate a incêndios em casas e também prédios com estrutura vertical, como é o caso da moderna e automatizada escada Magirus, operada por controle remoto e importada da Alemanha por mais de R$ 2 milhões. Em parceria com a Infraero, o CBM atua com uma brigada no aeroporto de maior movimento do Estado, como o Aeroporto Internacional Governador Jorge Teixeira, em Porto Velho.
Com mais investimentos, os Bombeiros ganharam melhor estrutura na Capital e em municípios estratégicos do interior do Estado. Possui hoje um efetivo de 774 bombeiros militares, 336 atuando nas unidades de Porto Velho do Comando-Geral, Diretoria de Atividades Técnicas e o 1º Grupamento de Bombeiros, adotou também uma política de interiorização das suas atividades.
Nos municípios do interior são mantidos outros 438 bombeiros militares em atividades nas subunidades de Candeias do Jamari (26), Ariquemes (41), Buritis (21), Jaru (25), Ouro Preto d’Oeste (29), Mirante da Serra, Ji-Paraná (53), Cacoal (46), Pimenta Bueno (23), Rolim de Moura (35), Vilhena (45) e Guajará-Mirim (27).
A PANDEMIA VERSO, NOSSO LEMA
O Corpo de Bombeiros atua ainda no combate à pandemia e no controle das medidas sanitárias editadas pelo Governo do Estado. O paranaense Valmir Aparecido De Carli ingressou a Polícia Militar de Rondônia em 1991. Sete anos depois ele acompanhou a desvinculação do Corpo de Bombeiros da PM e não teve dúvidas em seguir a vocação de bombeiro militar.
O 1º tenente BM De Carli considera aceitação da família um dos fatores indispensáveis para o sucesso na atividade.
“O amor pela profissão, o prazer em ajudar as pessoas e salvar vidas não tem preço”, garante.
Admite também a necessária inspiração de Deus pelo fato de que, muitas vezes colocam, a vida em risco para salvar um desconhecido, independentemente da cor, sexo, religião ou condição financeira. Responsável pela coordenação das operações e fiscalizações no município de Porto Velho para conter o avanço da pandemia, faz um balanço animador das ações em conjunto com vários outros órgãos estaduais e municipais.
Segundo 1º ten. De Carli, desde o dia 17 de dezembro de 2020, já foram realizadas mais de 20 mil intervenções. 280 estabelecimentos notificados e emitidos pela Polícia Militar mais de 230 Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCOs). No total, 206 estabelecimentos foram interditados. De Carli lamenta, no entanto, que “mesmo atuando para o bem-estar de todos, alguns empresários ainda ficam insatisfeitos e não compreendem que a nossa principal missão sempre é proteger a todos”.
Em cada operação atuam de 11 a 15 militares do CBM, incumbidos de realizar as fiscalizações nos estabelecimentos comerciais e orientar os proprietários sobre os cuidados que devem ter para que a covid-19 não contamine e não ceife mais vidas. Por isso, desde dezembro estão sendo colocados os bravos combatentes na linha de frente para tentar, com todos os esforços combater a doença no município, Estado, e Brasil.
“Foram noites e noites trabalhando na conscientização, orientação e notificando os estabelecimentos que desrespeitam os decretos de distanciamento social e protocolos de segurança”.
De Carli comenta que, mesmo com a resistência de alguns, o trabalho dos bombeiros militares tem sido reconhecido por pessoas mais conscientes e com isso deixa o alerta. “Sempre orientamos quanto à importância do uso de máscaras e de álcool 70%, pois atuamos conforme a nossa canção proclama: nenhum passo daremos atrás”. Ele não tem dúvidas de que o Corpo de Bombeiros estará sempre à disposição da população, participando além de outras ações, das atividades de combate à pandemia.
Durante a edição da última operação participaram 44 pessoas, 19 viaturas e seis instituições. Dentre elas, Corpo de Bombeiros, PM, Superintendência de Comunicação (Secom), Detran, Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) e Secretaria Municipal de Fazenda (Semfaz).