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“COMIDO VIVO”: Grande quantidade de larva vivas é retirada da cabeça de pedreiro

Um pedreiro de 49 anos identificou larvas comendo a própria cabeça em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Evaldo Araújo Chaves já está com os parasitas desde a semana passada e relata não aguentar mais a dor. Ele chegou a receber atendimento em hospitais públicos da cidade, mas afirma que os ferimentos pioraram nos últimos dias. Agora, ele passa por tratamento em São Paulo.

A família percebeu que Evaldo estava com larvas na cabeça no fim da semana passada. “Fomos para São Paulo e, quando ele deitou no meu colo, vi as larvas andando. Lá mesmo o levamos ao hospital e retiraram algumas com pinça”, conta a esposa Quesia Andrade Alves, de 25 anos.

Conforme ela relata, logo depois, o marido foi encaminhado a outro hospital em São Paulo, onde as equipes médicas relataram terem retirado todos os parasitas e enfaixaram a cabeça de Evaldo.

No sábado (25) pela manhã, Quesia retornou ao hospital com ele e médicos identificaram que ainda haviam larvas na cabeça do pedreiro. “Como temos filhos pequenos e moramos em Praia Grande, resolvemos retornar para a nossa cidade. Os médicos de São Paulo nos orientaram a procurar um cirurgião urgente ao chegarmos aqui, para que pudessem ser retiradas todas as larvas”, explica.

A mulher afirma que foi com Evaldo ao Hospital Irmã Dulce e o médico indicou que era necessário fazer um curativo. “Chegamos lá ainda no sábado, às 16h, e só saímos às 23h, mas não foi feito nada. Fomos então para UPA de Santos, eles atenderam e jogaram um remédio que saiu 25 larvas quase que instantaneamente”, diz.

A família acreditou que já haviam saído todos os parasitas, mas, quando Evaldo foi fazer o curativo já no domingo (26), no Pronto Socorro Quietude, os enfermeiros afirmaram que ainda haviam larvas em sua cabeça. Foram retiradas algumas e feitos exames, que constaram diversos buracos na cabeça do pedreiro, já que a larva se alimenta do tecido subcutâneo, muscular, segundo especialista.

“Disseram que agora só com medicação. Fomos novamente ao Hospital Irmã Dulce e relataram que não tem como fazer nada, apenas curar com o remédio. Na terça-feira o levei para fazer curativo. Quando foi de noite, retirei a faixa porque estava sangrando muito e percebi outros buracos na cabeça dele, que não existiam antes. Parece que não está melhorando nada, os bichos estão aumentando e o buraco também e ele reclama muito de dor”, afirma.

Com a piora, a família pediu ajuda nas redes sociais e acabou conseguindo uma vaga para tratamento em São Paulo. “Não teve o tratamento adequado aqui. Estávamos com medo de acontecer algo com ele. Isso é uma vergonha. A pessoa mora aqui e tem que ir para São Paulo porque se não iria morrer aqui, sendo comido vivo. Ele sentia tanta dor, que falou que se continuasse assim era melhor morrer”, desabafa a esposa.

A larva

Conforme explica o neurocirurgião João Luis Cabral, a larva (chamada ‘berne’) não é comum na cidade, e sim em regiões de agropecuária, onde há mais bovinos e equinos. “Essa larva dá mais em cachorros, bois, vacas, mas que vivem em sítios e fazendas”.

A larva, segundo o neuro, pode ser contraída por falta de recursos básicos sanitários, falta de higiene e até mesmo falta de orientação. “Também se dá pelo contato por animais que estão infectados. É a mosca que transporta essa larva ao pousar em cima do animal infectado. Em seguida, ela carrega o parasita e, quando pousa em uma ferida aberta do ser humano, a transmite para dentro daquele ferimento”, relata.

Segundo o especialista, para o tratamento é importante entrar com antibióticos próprios a esses parasitas. “A melhor maneira de eliminar as larvas é fazer tratamento medicamentoso, mas isso quando são poucas delas. Se houver larvas em grande quantidade, em que o médico não tirará sozinho, é preciso internar e fazer remoção cirúrgica”, diz.

Atendimento

Em nota, a direção do Hospital Municipal Irmã Dulce esclarece que o paciente deu entrada na unidade no último sábado (25), recebendo toda a assistência necessária a seu caso.

Após passar por avaliação com a equipe médica da unidade, constatou-se que não se tratava de um caso cirúrgico. Assim, todos os procedimentos ambulatoriais pertinentes (como tratamento dos ferimentos e medicação) foram realizados, sendo adotada conduta terapêutica medicamentosa. O paciente também foi orientado a buscar a Usafa de referência para troca diária de curativos.

“Importante esclarecer que tanto o paciente quanto seus familiares foram informados sobre o tipo de tratamento adotado. Porém, a equipe do Hospital permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários”, acrescenta a direção.

Já a Secretaria de Saúde informa que o paciente passou pelo Pronto-Socorro Quietude e recebeu atendimento adequado, foi liberado e orientado a dar continuidade ao tratamento através da Unidade de Saúde da Família (Usafa). O mesmo compareceu na Usafa Tupiry onde foi feita a retirada de Miíase. Ele foi orientado a retornar hoje, porém não compareceu.

Nesse caso, a Secretaria afirma que não é necessário internação, pelo contrário, pois há risco de contrair uma infecção, uma vez que a ferida não pode ser coberta e também não tem condições das larvas serem retiradas de uma só vez. É necessário compreender que o caso requer um tratamento, não podendo ser solucionado de uma só vez.

Como o paciente não compareceu na Usafa onde é cadastrado (Tupiry) para dar continuidade em seu tratamento, um agente comunitário de saúde vai até a residência do mesmo para verificar o motivo do não comparecimento, lembrando que esse é um procedimento de rotina chamado busca ativa.

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