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COSTUME ABUSIVO: Homens exigem sugar leite materno da própria esposa na África

Jane (nome fictício) precisa amamentar o seu bebê, de 6 meses. Mas a criança enfrenta uma forte concorrência: o marido de Jane. A jovem de 20 anos, que vive em Uganda, é uma das muitas africanas cujos maridos exigem que o leite materno seja dividido com eles.

A prática se tornou comum em Uganda e em algumas regiões de Tanzânia e Quênia.

“Ele diz que adora o gosto do leite e que o ajuda em termos de saúde. Ele se sente bem depois (de tomar)”, disse a ugandense, em reportagem do jornal britânico “Guardian”.

Jane contou que o marido começou a sugar o seu leite na noite em que ela chegou em casa após receber alta da maternidade.

“Ele disse que é para o leite fluir melhor”, declarou ela.

O costume, porém, é resultado de violência de gênero e comportamento coercitivo por parte dos maridos. As mulheres acabam não tendo escolha a não ser ceder o leite aos companheiros. Esta foi a conclusão do primeiro estudo sobre o tema, feito pela Universidade Kyambogo, em Kampala, a capital de Uganda e pela Universidade de Kent (Inglaterra).

O estudo se concentrou nas experiências no vilarejo de Buikwe, na região central do pequeno país africano.

“Um homem me disse: ‘Conheço outros que fazem isso, mas nunca conversamos sobre isso’. A declaração sugere que o comportamento é comum, mas não é socialmente aceito”, disse Rowena Merritt, cientista social britânico que participou da pesquisa.

O estudo apontou que os maridos sugam os seios das esposas por cerca de meia hora, antes de os bebês se alimentarem.

“Isso me sustenta. Venho almoçar em casa e isso alivia o estresse no meio de um dia de trabalho”, contou Thomas (nome fictício).

Há crendices disseminadas na região de que o leite materno é capaz de curar Aids, câncer e impotência sexual.

Perguntada por que não recusa o pedido, uma mulher disse:

“Tenho medo que o meu marido vá procurar (leite) em outro lugar.”

Thomas admite que pode ficar violento se a esposa se recusar a liberar o leite.

“Ela não pode dizer não, porque é uma obsessão, não se pode parar. Se a mulher diz não pode acabar em violência”, afirmou.

Profissionais da saúde, incluindo parteiras e nutricionistas, contaram aos pesquisadores sobre casos em que os bebês precisavam receber leite em pó porque os parceiros queriam todo o leite materno. Em outros casos, mulheres procuraram clínicas com mamilos infectados ou mordidos pelos homens durante a “amamentação do adulto”. Também há riscos para os bebês de infecção causada pela saliva do homem.

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