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COVID-19: Nove profissionais da saúde morreram no RJ

A batalha travada pelos profissionais da saúde contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) no estado já fez as primeiras baixas. Dados do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) e do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) revelam que, só no mês de abril, pelo menos quatro médicos, uma enfermeira, três técnicos de enfermagem e uma auxiliar, morreram em decorrência da Covid-19 , ou por suspeita da doença.

Entre os mortos está a técnica de enfermagem Anita de Souza Viana, de 63 anos, que trabalhava no Hospital Ronaldo Gazolla, unidade de referência no tratamento para pacientes com o novo coronavírus, localizada em Acari, na Zona Norte. Ela morreu nesta quinta-feira no Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda, no Sul Fluminense. Há ainda, segundo o Cofen, 1.153 trabalhadores da área médica já afetados pela pandemia.

Deste total, 989 enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem estão afastados (aguardam resultado de exames). Outros 26 foram internados e 139 ( casos já confirmados) cumprem período de quarentena. Já o levantamento feito pelo Cremerj aponta que só nos quatro maiores hospitais de emergência da rede municipal do Rio (Souza Aguiar, Lourenço Jorge, Salgado Filho e Miguel Couto), 330 profissionais de saúde não estavam trabalhando, até a última segunda-feira, data que o relatório foi atualizado pela última vez.

O montante representa 7,5% do total de trabalhadores da área médica nas quatro unidades. Todos estão em período de afastamento obrigatório por contrair a doença ou por suspeita de coronavírus. Já as mortes dos quatro médicos ocorreram nos dez primeiros dias de abril. Duas foram registradas em notas expedidas pelo Cremerj, no último dia 5, e outras no dia 10. Entre os profissionais que perderam a vida estão uma endocrinologista, um cardiologista, um clínico geral e pediatra e um anestesiologista.

Para Sylvio Provenzano, presidente do Cremerj, a explicação para tantas vítimas da doença na área da saúde passa pelo alto poder de contaminação do vírus e pela dificuldade dos governantes em providenciar equipamentos individuais de proteção, o que deixa médicos, enfermeiros, auxiliares, técnicos e fisioterapeutas, entre outros, cada vez mais expostos.

“A primeira coisa é o agente biológico da Covid-19. Ele se transmite com muita facilidade, e evidentemente o profissional que está na linha de frente, atendendo pacientes, tem uma exposição permanente com o vírus. Se por ventura não tiver os equipamentos de proteção individual adequados, ele fica mais exposto ainda. Esta é a razão principal pelo qual um grande número de pessoas da área de saúde estão sendo afetadas”, afirmou, ressaltando a falta de EPIs.

“Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares, todos que na linha de frente atendendo nesta pandemia estão mais sujeitos a contrair este vírus e desenvolver a doença. A falta de equipamento de proteção individual é um dado assumido pelos próprios governantes. Pela dificuldade que eles estão tendo de conseguir encontrar esses equipamentos no mercado”, disse o presidente do Cremerj.

Profissionais assustados
As cinco mortes de enfermeiros, técnicos e auxiliares ocorreram entre a última quinta-feira e o dia 2 de abril. A primeira vítima foi uma técnica de enfermagem, em São Gonçalo. No dia 9, um técnico morreu no Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. No dia 14, um auxiliar de enfermagem que trabalhava no Lourenço Jorge morreu em uma unidade de saúde de Campo Grande, na Zona Oeste.

No dia 15, uma sargento da Polícia Militar, técnica de enfermagem, morreu com suspeita da doença, no hospital da corporação. A última a morrer foi a também técnica de enfermagem Anita de Souza Viana, que trabalhava no Hospital Ronaldo Gazolla. Segundo o portal de notícias G1, mesmo sendo funcionária da unidade, ela teve dificuldades para fazer testes para a doença e de conseguir vaga no Ronaldo Gazolla. Por conta disso, ela buscou atendimento na UPA de Bangu, onde passou por exames e foi entubada. De lá, acabou sendo transferida para o Hospital Zilda Arns, em Volta Redonda.

A dificuldade de conseguir atendimento, também assusta outros trabalhadores da área da saúde que atendem diariamente pacientes com a Covid-19. É o caso de uma enfermeira de 33 anos que trabalha em São Gonçalo. Com cansaço, calafrios pelo corpo e febre, ela teve que buscar atendimento em uma unidade de saúde diferente da que trabalha.

“Meu primeiro atendimento foi numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA) porque não havia conseguido lá onde eu trabalho. Fui medicada e orientada a ficar afastada por suspeita de coronavírus. Na semana passada, fiz o teste e estou aguardando o resultado. Tenho medo de precisar de uma internação e de não ter leito. Fico pensando no meu filho. Tenho praticamente certeza que estou com o novo coronavírus. Nestes últimos dias, tenho praticamente me arrastado”, disse a mulher que preferiu não se identificar.

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