Cultura

Do papel ao digital, Biblioteca Estadual Doutor José Pontes Pinto inova no atendimento e mantém público estável

Pouco mais de 12 anos depois de fechada para o público, a Biblioteca Estadual Doutor José Pontes Pinto, fundada pelo Governo do Estado em 1975 e mantida pela Fundação Cultural do Estado de Rondônia (Funcer) está reformada e em pleno funcionamento, atendendo ao público antigo e os leitores modernos, da chamada geração digital, simultaneamente.

Essa repartição governamental também sentiu as consequências da pandemia mundial, explica a diretora Júlia Cristina Queiroz. Seus serviços atualmente são virtuais, com projetos nas redes sociais e apresentação de renomados autores. “Desde a reinauguração [em novembro de 2020], diversificamos os serviços: temos também disponíveis três mil obras em e-book [livro digital] na página da Funcer na internet, e a cada 15 dias, às segundas-feiras, promovemos no Facebook “A hora do conto”, uma contação de histórias para crianças”, diz Júlia. A média de visualizações é de 300 a 350.

Dessa forma, ela acredita “no melhor aproveitamento da leitura, da criatividade e do lúdico entre elas”. Ao mesmo tempo, postagens no Facebook revelam a disponibilidade do acervo cultural rondoniense, com ênfase para festividades e folclore locais.

Paulo Jorge Silva, 57 anos, servidor do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), é do time dos assíduos frequentadores desde há décadas. Começou menino, conforme relata: “Eu era estudante do Colégio Carmela Dutra, e pesquisava direto com os meus colegas. emprestava livros à vontade. Lembra-se que, em 1977 [ano da divisão de Mato Grosso, da exploração com ouro aluvionar do Rio Madeira, e de uma fase de forte migração rumo a Rondônia], despertavam-lhe a atenção coleções de ciências e história. Eu me apaixonei pelo livro História que vivemos, da Editora Flamboyant, retratando a 2ª Guerra Mundial”.

A biblioteca tem alto sentido na vida dele: “É íntima, é memória”, sintetiza. Gabriel lembra do começo de suas visitas ao prédio, quando se encantava com histórias da antiguidade, notadamente de Roma e da Grécia. Louva, porém, o prestígio que a direção dá hoje aos autores regionais, todos eles encontrados nas estantes e muito recomendados para concurseiros e o público em geral. “Uma vez ganhei um prêmio pela assiduidade: um rádio-relógio que me despertava todo dia de manhã”, conta.

Para Gabriel Martins Ângelo de Souza, 23, professor de cursinhos particulares, costuma visitá-la de manhã e à tarde. A biblioteca é uma forte alavanca para ele, porque ali encontra respostas às fases objetiva, prática e de entrevistas exigidas para as eliminatórias e classificatórias desses cursinhos. “Por incrível que pareça, ainda há um juízo segundo o qual, os bens públicos deixam a desejar, mas a Biblioteca Pontes Pinto é exceção, porque funciona como grande impulsionadora da cultura em Porto Velho”, comenta.

PATRIMÔNIO CULTURAL

Patrimônio Histórico, conforme lembra a presidente da Funcer, Simone Bitencourt, a biblioteca pode ser vista como “salvaguarda da história de Rondônia, e seu pioneirismo no estado deve ser reconhecido”. Contudo, para se concretizar como patrimônio cultural, será necessário um estudo apurado,  “Atualmente, contamos com um espaço climatizado, com redes de internet, sala de informática e de leitura; infelizmente, a reabertura da biblioteca ocorreu no período de pandemia, o que impossibilitou a abertura total ao público”, diz.

Satisfeita com a utilização diária desse espaço, a presidente da Funcer acredita que brevemente ela voltará aos seus melhores dias. “Com a flexibilização do decreto de distanciamento social, poderemos disponibilizar o espaço com todos os cuidados necessários, limitando a quantidade de usuários. Nós enfatizamos a importância e relevância da Biblioteca para a população, porque ela é um equipamento cultural e de acesso à leitura, localizado em um local estratégico; temos bem próximas várias escolas que podem dispor desse espaço”, ela acrescenta.

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