Potencialidades e qualidade da amêndoa são destaques durante o 1º Concacau em Jaru
O produtor rural André Luis Vicente, do município de Nova União, conquistou o 1º lugar da primeira edição do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Cacau de Rondônia (Concacau), ao receber nota 7,65, sendo contemplado com o prêmio de R$ 10 mil em dinheiro. O evento é promovido pelo Governo de Rondônia e coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri). A solenidade de premiação ocorreu na Praça José Eustáquio, no município de Jaru. A principal proposta do evento é identificar, premiar, promover e incentivar a melhoria da qualidade e da sustentabilidade na produção de cacau.
Nesta primeira edição, o Concacau trouxe como tema “Cacau, um novo começo”. O sucesso e a adesão superou as expectativas, a exemplo do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia (Concafé), que recentemente aconteceu em Cacoal. O Concacau surge para estimular a criação de novos clones do fruto e melhorar a produtividade, sobretudo nas pequenas propriedades rurais.
Para o vencedor do concurso, André Luís o sentimento é de gratidão. “Agradeço cada um que esteve somando, pela dedicação dos técnicos, e de todos que também se inscreveram e concorreram neste prêmio. Mostramos para todo o Estado que somos grandes, e podemos chegar além de nossas expectativas”.
André Luís ressalta que o cacau tem mudado sua história e a de muitos produtores rurais pelo Estado. “Isso mostra que estamos no caminho certo, pois comecei a trabalhar em 2017 com a qualidade do cacau, e acabei sendo contemplado também em 1º lugar na “Rondônia Rural Show” no mesmo ano”.
O produtor Onofre Vital, do município de Jaru, ficou em 2º lugar, com nota 7,61. Ele recebeu o prêmio de R$ 7,5 mil em crédito para aquisição de produtos em empresas de agropecuária.
O 3º lugar foi para o produtor Gelson Castro de Cacaulândia, com nota 6,99. O prêmio foi um pulverizador, no valor de R$ 3 mil. Já a 4ª colocação ficou com Maria Aparecida do município de Cabixi, com nota 6,86, recebendo o prêmio de 400 mudas de cacau clonal, totalizando R$ 2,5 mil.
SUSTENTABILIDADE
Foram mais de 38 inscritos de vários municípios de Rondônia, onde quatro produtores foram contemplados com as premiações. Por conta desta disputa, a movimentação no setor produtivo da região foi grande, e a participação no evento, que é voltado para a sustentabilidade e qualidade da cultura, principal matéria-prima do chocolate, valoriza ainda mais o filão.
O evento teve início na quarta (24), reunindo centenas de produtores rurais de diversas regiões do Estado, e contou com degustação e julgamento das amostras de chocolates elaborados por meio de exemplares de amêndoas retiradas dos cacaus inscritos na premiação por seus produtores.
O vice-governador de Rondônia, José Jodan, presente no evento teceu comentários sobre o 1º Concacau. “É uma condição do Estado promover um intercâmbio com outros Estados do país, levando técnicos para fazer essa troca de informações e assim, nossos produtores aprendem as técnicas da secagem, entre outras, que podem inovar com informações corretas, para que seja feita uma produção de qualidade do cacau”.
José Jodan aponta que a produção do cacau, precisa ser sustentável, que não agrida o Meio Ambiente, tendo condições de concorrer com demais países, sendo algo de extrema importância para o Estado de Rondônia, impulsionando mais ainda a produção da fruta.
Para o prefeito de Jaru, João Gonçalves Júnior, sediar o 1º Concacau foi um grande marco para o município. “Ter um evento deste porte, comprova que estamos caminhando no rumo certo, pois somos uma potência econômica, principalmente na agricultura, pecuária e também no agronegócio, sendo muito importante para a cidade essa visibilidade”.
O secretário da Agricultura, Evandro Cesar Padovani, salienta que o Estado tem trabalhado na revitalização da lavoura cacaueira. “Rondônia é o 3º produtor de cacau do Brasil e temos cerca de dez mil hectares de plantio do fruto, além da produtividade, que chega acima de oito mil toneladas. Queremos fazer a ampliação da produtividade e de área plantada”.
Sobre o 1º Concacau, Padovani explica que o concurso foi criado para dar o incentivo e premiação aos produtores que trabalham com qualidade, sustentabilidade em suas lavouras, além de trazer inovação, informação e tecnologia, para que o Estado possa apresentar ao Brasil e para o mundo, que Rondônia tem quantidade, qualidade e produtividade. Para o ano que vem, o gestor da Seagri informou que na 2ª edição do Concacau, terá até R$ 100 mil em premiações.
O diretor-presidente da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater), Luciano Brandão, pontua que é uma importante ação, orientada pelo governador Marcos Rocha, para potencializar a cadeia produtiva do Estado.
“Atualmente, Rondônia está com mais de nove mil hectares de cacau plantado, com a produção acima de seis mil toneladas, e a produtividade média acima de 600 quilos por hectare, porém, podemos aumentar em até dez vezes esta produção”, disse Luciano Brandão.
Brandão ainda explica que o Concacau é um trabalho que vem sendo desenvolvido pela Seagri, juntamente com a Emater e a Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron), junto aos produtores rurais. Por fim, parabenizou aos mais de 38 inscritos na primeira edição do Concacau, aos colaboradores e administradores, em que foram investidos mais de R$ 28 mil em premiações.
PALESTRAS
No último dia do 1º Concacau, houve um ciclo de palestras antes das premiações do evento, com abordagens sobre a indicação geográfica do cacau, as perspectivas e o potencial do mercado brasileiro para a qualidade da fruta.
Abrindo as palestras, o presidente da Associação Cultural e Fomento Agrícola de Tomé-Açu, do Pará, Silvio Kazuhiro Shibata, abordou sobre a “Indicação Geográfica do Cacau de Tomé-Açu”, que é a primeira do Estado do Pará, sendo a quinta na região Amazônica, e a 62ª do Brasil.
Sílvio Kazuhiro Shibata falou sobre as parcerias feitas com os produtores rurais da localidade, sobre as boas práticas da produção do cacau, que inclusive foram comercializados durante os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, ocorrido neste ano.
Em seguida, o presidente da Associação de Agricultores de Cacau e Chocolateiro do Estado de Rondônia (Cacauron), Estevan Magalhães, relatou sobre o histórico da entidade, iniciada com o projeto “Cacau Sustentável”, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em que contratou uma empresa para gerenciar a Identidade Geográfica (IG), do cacau do Estado. A Cacauron foi fundada em agosto deste ano, sendo criado um comitê com vários representantes do Governo do Estado, onde deu início a IG, com os princípios que seriam usados para a fundação.
Fechando o ciclo de palestras, a representante do Centro de Inovação do Cacau de Ilhéus, na Bahia, Adriana Reis, pontuou que o Brasil possui grande potencial de qualidade da fruta, e destacou que o berço da origem do cacau no mundo está na bacia Amazônica, apesar de o México possuir uma grande cultura da fruta.
Em estudo genético, Adriana Reis citou que Brasil tem o cacau aleonado, existindo mais de dez mil grupos genéticos do fruto. “Essa genética precisa ser usada a nosso favor, para constituirmos os terruás existentes, para verificarmos as diferenças entre o cacau de Rondônia, da Bahia e do Pará, e quais são os elementos de Identidade Geográfica, sendo de extrema importância, pois o mundo tem feito isso muito bem, e o mercado tem feito grandes exigências a respeito do produto”, finaliza Adriana.