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Homem salva animais de queimada e tem moto destruída: ‘Meu único meio’

Enquanto retornava para casa, Carlos Roberto Joaquim, de 58 anos, foi surpreendido por uma queimada de grandes proporções às margens de uma vicinal que liga os municípios de Mirassol e Riolândia, no interior de São Paulo.

Ao perceber que as chamas estavam se aproximando de um propriedade rural, ele resolveu parar a moto e ajudar a retirar as cabeças de gado que estavam no local. Contudo, as chamas se alastraram rapidamente e acabaram destruindo seu veículo na tarde da última quarta-feira (7).

“Nós conseguimos salvar todos os animais. Mas minha moto estava estacionada às margens da vicinal. Fui buscar e a encontrei pegando fogo. Tentei apagar as chamas, mas não consegui. Foi tudo muito rápido”, diz.

Em entrevista ao G1, Carlos afirmou que, apesar de ter seu único meio de transporte destruído, não se arrepende de ter parado para resgatar os animais do incêndio.

“Faria tudo novamente. Parei a moto e já fui correndo, pensando nos animais. Jamais viraria as costas e os abandonaria. Talvez a única coisa que eu faria diferente era parar a moto em outro lugar”

Meio de transporte

Carlos também contou que mora de favor em uma casa sem energia elétrica, em Mirassol, e usava a motocicleta para poder comprar comida e buscar água.

“Minha moto era meu único meio de transporte. Não tenho condições de comprar outra, infelizmente. Estou sem trabalhar e passando por alguns perrengues”, afirma.

O desempregado ainda afirmou que parou de trabalhar depois que se envolveu em um acidente há oito anos. Na época, ele quebrou dois ossos da perna esquerda na beira de um rio e ficou internado no Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP).

“Peguei uma bactéria por causa da lama e fiquei com sequelas. Minha perna e meus dedos endureceram. Perdi a sensibilidade e tenho dificuldades para me locomover. Tentei voltar a trabalhar como pedreiro, mas não aguentava mais e realmente precisei parar. Atualmente, consegui um auxílio do governo com muita luta, mas continuo desempregado”, diz.

Ao G1, Carlos também contou que a motocicleta foi comprada enquanto ainda trabalhava e ganhava um salário. Sem o veículo, ele precisa andar a pé para buscar água e comprar comida.

“Já tentei andar de bicicleta. Só que não consigo por causa da minha perna machucada. Agora, perdi a moto. Minha vontade é de ter outra, realmente preciso, mas não tenho dinheiro nem para pagar aluguel”, conta.

Incêndios

De acordo com o Corpo de Bombeiros, o número de queimadas aumentou 41,5 % em relação ao mesmo período do ano passado.

Entre janeiro e agosto de 2019, foram registrados 452 focos de incêndio. Já no mesmo período de 2020, equipes foram acionadas para controlar 640 queimadas.

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