Marido vai morar em casa de repouso pra cuidar da esposa com Alzheimer
“Eu quero ficar com ela. Ela cuidou de mim por 70 anos e agora é a minha vez ”. A frase é do marido que se mudou para uma casa de repouso pra cuidar da mulher dele, que tem Alzheimer.
Jack e Gerry Eccles completaram 70 anos de casados em julho, junto com a família, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
Jack tomou a decisão de ir morar com Gerry quando as casas de saúde começaram a impedir a entrada de visitantes por causa da pandemia.
Depois que foi barrado no Hillcrest Convalescent Center, em Durham, no mês de março, ele voltou no dia seguinte com mala de roupas, livros, medicamentos, o computador dele e alugou um quarto na área de convivência da clínica, para que pudesse cuidar de Gerry, que tem 91 anos.
O Jack Eccles, que tem 93 anos, é pastor batista e desde então permanece trancado na casa de repouso.
Ele só tem permissão para ir ao quarto de Gerry, onde a alimenta e às vezes para ir ao saguão ver os integrantes da família pelas janelas.
Hillcrest parece uma prisão, diz o marido, mas ele afirma que não vai se mudar e deixar Gerry até que o lar seja reaberto para visitantes.
Bom para os dois
Os médicos acreditam que a interrupção das rotinas e o desaparecimento de rostos familiares em muitos casos levaram ao declínio da saúde dos residentes de asilos.
“Existem consequências para a saúde pública de solidão, isolamento e perda de conexão com uma pessoa amada que podem ser igualmente devastadoras” como Covid-19, disse Lisa Gwyther, professora associada da Duke University School of Medicine.
Ela disse que para quem tem demência, “o maior medo é o medo do abandono em um mundo que não faz sentido”.
Jack e o resto de sua família dizem acreditar que Gerry não comeria sem um deles por perto.
Apesar de tensos com o risco, os filhos concordaram com a decisão do pai.
“Eles nunca se separaram”, diz Genece McChesney, um de seus nove filhos.
Os dias juntos
O marido vai três vezes ao dia, ao quarto de Gerry.
Com máscara e óculos de proteção, Jack alimenta o amor da vida dele com carinho: posiciona a cabeça e o pescoço dela com cuidado para que Gerry se não engasgue e às vezes canta pra ela comer.
Ela resiste em comer, à vezes, ou cochila entre as mordidas.
Meses atrás, Gerry disse “Eu te amo” para Jack. A frase foi um alento porque algumas vezes ela não se lembra do marido.
“Há um pouco de brilho nela … Essa personalidade ainda transparece”, disse Jack.
Jack, que usa andador e tem histórico de problemas cardíacos, diz que não é fácil. Tem dia que ele precisa ser paciente para aceitar o que acredita ser o plano de Deus.
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