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Nota de Pesar: José Aparecido, um anjo que nos deixou

Ontem recebi com muita tristeza o falecimento de José Aparecido, do qual o conheci em 1998, na sede da Diocese de Ji-Paraná, onde trabalhava com a pastoral do menor, uma atribuição outorgada por Dom Antônio Passamai, que também foi morar na casa do Pai Celestial e que deve estar muito feliz em receber aquele que foi um dos principais assessores do bispo mais querido, amado e simples que tive a honra de conhecer e do qual o ajudei na realização de um projeto voltado à consolidação das rádios comunitárias no Estado de Rondônia, com a ajuda incansável de Daniel Pereira, ex-governador e que até hoje contribui com a democratização dos meios de comunicação de massa em todos os 52 municípios rondonienses.

José Aparecido faleceu de morte natural e viveu pouco tempo entre nós. Não tinha mais que 40 anos e sua vida foi interrompida de forma muito trágica para o povo cristão, especialmente aos católicos, os quais ele serviu como um pastor, mesmo sendo um leigo com muita devoção, perseverante e comprometido com a causa do menor de rua, abandonado pelos pais, pela sociedade e, especialmente, pelos governantes que não têm projeto de real alcance às melhorias em favor dessa gente sofrida e marginalizada que existe em número exagerado no país. Filho único, vivia com a sua querida mãe, uma senhora já bastante idosa, que sentirá muita a falta daquele que era o seu protetor, colaborar e companheiro 24 horas, uma relação de total respeito jamais vista e somente o amor pode explicar algo extraordinário na vida dos dois, que o filho a chamava de santa, caridosa e religiosa o bastante para dar-lhe a força que precisa para suportar a partida do “anjo negro”, formando uma família de apenas duas pessoas, mas completada com centenas de pessoas que jamais vão esquecer o legado deixado pelo jovem, encantador e sempre sorridente “anjo” do bem.

A última vez que vi José Aparecido foi no velório de Dom Antônio, no salão da catedral, no centro de Ji-Paraná, que trazia nas costas a sua viola inseparável que gostava de fazer “arranhão” no instrumento musical, que carregou consigo até no dia de sua morte, uma companheira que não desgrudava para cantar nos encontros de jovens, de crianças pobres que ele assistia e tinha enorme apreço à causa desses meninos de rua, os quais são esquecidos pela própria população, mas José Aparecido e o Messias, sempre estavam à disposição das crianças que os amavam em demasia. Por mais de 20 anos, José Aparecido dedicou-se à pastoral do menor e quando aconteceu a morte de Dom Antônio, seu guia, orientador e grande amigo, sentiu profundamente a perda desse grande religioso, que foi um exemplo de santidade, simplicidade e amor aos pobres, pois a diocese que ele dirigiu por muitos anos tinha compromisso número com as pessoas mais excluídas, que são os miseráveis e desassistidos pelo povo que tem ojeriza à vida de gente com não teve tanta sorte e nem opção de ter uma vida melhor.

Se alguém ouviu da boca de José Aparecido qualquer comentário maldoso em relação a outras pessoas, penso eu que está se referindo não ao “anjo negro”, mas de outro jovem, uma vez que ele não ele conseguia pronunciar o verbo com palavras ligadas à intolerância, à arrogância e à discriminação. Humilde ao extremo, sem condições de locomoção, fazia todo o serviço pastoral ou de a pé, de bicicleta e algumas vezes de carona com veículos da própria diocese e de amigos. Não ligada para as coisas materiais e o seu jeito que ele escolheu de viver de forma muita simples foi herdado de Dom Antônio, que tinha as mesmas características do “anjo negro”, que agora está na companhia do bom pastor que guiou como santo uma das maiores dioceses do mundo, que é a de Ji-Paraná.

Não tenho dúvida de que a partida de José Aparecido foi um chamamento de Jesus Cristo, que precisa de pessoas com qualidades infinitas de bondade e de espiritualidade jamais vistas de uma pessoa como a do “anjo negro”. Nós perdemos um grande companheiro, mas a moradia celestial ganhou um novo anjo que lá de cima vai poder nos transmitir suas mensagens profetizadoras capazes de produzir efeito extremamente positivo para quem deseja mudar de vida e hoje vive sem a presença de Deus e é incapaz de ver o próximo como irmão e sim como inimigo. O Espírito Santo só escolhe para morar na vida eterna as pessoas como José Aparecido e igual a ele possivelmente pode até existir, porém não conseguirá fazer a metade de bem que ele nos deixou como herança às novas gerações que precisam trilhar seus caminhos em pessoas como o “anjo negro”, aquele que se tornou perfeito em vida e agora poderá realizar seu projeto de ajudar as crianças com benções e orações a todos que hoje devem estar sentido abalado pela perda daquele que foi um verdadeiro cristão.

Por Ronan Almeida de Araújo.

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