10 são presos suspeitos de morte de jornalista
A Operação realizada na madrugada deste sábado (22.fev.2020), envolvendo agentes do Departamento Contra o Crime Organizado e promotores do Ministério Público do Paraguai, resultou nas prisões de 10 suspeitos de envolvimento com o crime organizado, tráfico de armas e assassinatos em Pedro Juan Caballero.
A ação se dá 10 dias depois da execução do jornalista brasileiro Lourenço Veras, o Léo, de 52 anos. Entre os presos, há 6 paraguaios, 3 brasileiros e 1 boliviano.
Com eles foram apreendidas 4 pistolas Glock 9 mm, modelo semelhante ao usado no assassinato do dono do site de notícias Porã News, conforme antecipou em 21 de fevereiro a equipe da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) enviada ao local para apurar a morte de Léo Veras.
Além das pistolas, os agentes encontraram 1 Jeep Renegade, branco, que pelos indícios pode ter sido utilizado na execução do jornalista, na noite de 12 de fevereiro de 2020.
Veras jantava com a família no momento em que o veículo parou à frente de sua casa, no bairro Jardim Aurora, com 4 indivíduos. Três desceram do carro armados de pistolas. Dois invadiram a casa, atirando no jornalista, que tentou escapar para os fundos do imóvel, mas acabou executado com ao menos 12 tiros.
A operação coordenada pelo promotor Marcelo Pecci terminou às 7h da manhã de hoje. Ao final, as autoridades informaram em entrevista à Rádio Império FM 103.1 , do Paraguai, que os suspeitos seriam levados a Assunção, capital do país, juntamente com o material apreendido para análises que poderão comprovar a participação do grupo na execução de Léo Veras.
Em nota, a Abraji lamentou a morte do jornalista e cobra das autoridades celeridade no esclarecimentos das circunstâncias do crime.
De acordo com as autoridades, os disparos que resultaram na morte do profissional de imprensa foram feitos por uma pistola Glock 9 mm. A mesma arma foi usada nas execuções de ao menos outras 7 pessoas. Todos os crimes estariam relacionados à facção paulista PCC (1º Comando da Capital).
A descoberta foi feita a partir da balística forense feita em Assunção, que identificou, em cartuchos recolhidos na casa do dono do site de notícias Porã News, o mesmo padrão de marca produzido pelo percussor da pistola no instante do disparo –uma espécie de impressão digital, única para cada arma.
A informação foi confirmada à Abraji por autoridades envolvidas na investigação do assassinato de Léo Veras. Apesar da celeridade na descoberta da marca produzida pela arma, nenhuma testemunha ou familiar prestou depoimento formal à equipe de trabalho de agentes especializados na luta contra o narcotráfico.
Todos os indícios da morte de Veras sugerem que ela esteja relacionada ao exercício da profissão. Por isso, o assassinato do jornalista será o 3º a ser incluído no Programa Tim Lopes, desenvolvido pela Abraji, com o apoio da Open Society Foundations, para combater a violência contra jornalistas e a impunidade dos responsáveis.
Em caso de crimes ligados ao exercício da profissão, uma rede de veículos da mídia tradicional e independente é acionada para acompanhar as investigações e publicar reportagens sobre as denúncias em que o jornalista trabalhava até ser morto. Integram a rede hoje: Agência Pública, Correio (BA), O Globo, Poder360, Ponte Jornalismo, Projeto Colabora, TV Aratu, TV Globo e Veja.
O assassinato do radialista Jefferson Pureza, de 39 anos, em Edealina Goiás, em 17 de janeiro de 2018, foi o 1º caso acompanhado pelo programa. Ele foi morto enquanto descansava na varanda de sua casa. O ex- vereador José Eduardo Alves da Silva, de 41 anos, foi acusado de ser o mandante e, no julgamento ocorrido em 2019, ele optou pelo silêncio.
Na ocasião foi julgado também o caseiro Marcelo Rodrigues dos Santos, de 40 anos, acusado de ter apresentado os menores envolvidos no crime ao vereador. Segundo as investigações, o assassinato foi negociado por R$ 5.000 e 1 revólver.
Em julgamento no dia 9 de dezembro de 2019, o júri popular absolveu 2 acusados de envolvimento no crime, apesar de reconhecer a participação deles no caso e na corrupção de menores que praticaram o assassinato.
O 2º caso é do radialista Jairo de Sousa, de 43 anos, morto na madrugada de 21 de junho de 2018, com 2 tiros no tórax quando chegava para trabalhar na rádio Pérola FM, em Bragança, no Pará.
O suspeito de ser o mandante é o vereador Cesar Monteiro. Ele teria contratado 1 grupo de 10 pessoas para realizar o crime. Segundo os autos do inquérito, o assassinato teria custado R$ 30.000.
Em março de 2019, o vereador Cesar Monteiro teve a prisão preventiva revogada, após o Tribunal de Justiça do Pará conceder-lhe habeas corpus. Ainda não há data marcada para o júri popular.