Cresce número de prefeitos e vereadores indígenas
Na avaliação da parlamentar, a candidatura indígena ainda sofre preconceito. “Dentro das próprias comunidades, consideram que voto indígena é fácil de ser conquistado com assistencialismo e compra de voto, o que é vergonhoso”, indigna-se.
Joenia Wapichana também aponta para falta de acesso aos meios de comunicação, como internet e televisão, o que dificulta o combate a notícias falsas. “É preciso levar às comunidades informação sobre quem está realmente fazendo uma política limpa, digna e combatendo a corrupção”, afirmou.
A parlamentar ressalta que a representação indígena é necessária em todas as instâncias, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário. Para a deputada, a representação de povos indígenas em diferentes cargos deve atender demandas por políticas públicas diferenciadas para garantir o acesso a direitos sociais, incluindo educação, saúde e proteção ao meio ambiente.
Joenia Wapichana explica que as demandas de povos indígenas se fazem mais urgentes por causa crise sanitária e econômica da pandemia de coronavírus. “Os povos indígenas têm suas vulnerabilidades e precisam ser incluídos em planos de enfrentamento da covid-19”, alertou.
Mais candidatos
Na análise da parlamentar, o aumento de prefeitos e vereadores indígenas se explica pelo crescimento do número de candidaturas indígenas, que subiu de 1.745, nas eleições de 2016, para 2.216, neste ano.
A tendência foi observada em todos os cargos. Os candidatos a prefeito passaram de 30 para 40; vice-prefeitos, de 62 para 76; e vereadores, de 1.623 para 2.100.
“Isso demonstra que os povos indígenas estão mais conscientes sobre seus direitos civis e políticos, e principalmente o direito à cidadania”, avalia Joenia Wapichana. “Isso aumenta cada vez mais o protagonismo indígena, mas acima de tudo, a vontade de fazer parte dos processos de tomada de decisão em várias instâncias, inclusive as municipais.”
Os partidos que mais elegeram candidatos indígenas foram o PT (24 eleitos), MDB (23), PSD (19), PP (15) e DEM (14). Todos esses partidos aumentaram o número de indígenas eleitos, na comparação com as eleições de 2016.
O crescimento de indígenas eleitos também foi maior em Estados que já tinham maior número de representantes eleitos. No Amazonas, os indígenas eleitos passaram de 30 para 38 neste ano; na Paraíba, de 13 para 18; em Roraima, de 13 para 15. No entanto, a representação indígena diminuiu em outros estados, incluindo Pernambuco (de 18 para 14), Bahia (de 14 para 9) e Acre (9 para 6).