Ex-moradora de Novo Horizonte está entre os integrantes de quadrilha que investiu R$ 1 milhão em túnel na tentativa de roubar banco
R$ 1 milhão. Este foi o valor aproximado investido pela organização criminosa que cavou túnel para roubar agência do Banco do Brasil localizada no bairro Monte Castelo, em Campo Grande. Por semana, o grupo gastava cerca de R$ 21 mil em aluguel de imóveis, aquisição de ferramentas e outras despesas operacionais. A aposta era de que, caso o plano tivesse êxito, eles teriam acesso a cerca de R$ 300 milhões, apesar de não haver garantias de que esse montante estaria armazenado no cofre do banco.
A tentativa de roubo foi frustrada por ação do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo Bancos, Assaltos e Sequestros) realizada na noite do último sábado (22). Na ocasião, dois suspeitos morreram em confronto com a Polícia Civil e sete foram presos, no entanto existe a possibilidade de que mais pessoas estejam envolvidas, levado em consideração o trabalho sofisticado realizado pela quadrilha que tinha até mesmo conhecimento de engenharia para garantir escavação segura.
Delegado do Garras, João Paulo Sartori, responsável pelas investigações. Foto: Marcos Ermínio
Durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (23), o delegado João Paulo Sartori, um dos responsáveis pelo inquérito, disse que a quadrilha vinha sendo investigada já há um bom tempo, a partir de outro roubo ocorrido em Campo Grande. No sábado, os policiais detectaram movimentação intensa no imóvel locado pelo bando e decidiram fazer abordagem a um caminhão e a uma caminhonete que saíam do local. Houve confronto, ocasião em que dois dos ladrões que estavam em uma Hilux morreram. O motorista do caminhão foi baleado.
Presos
Entre os presos estão Elaine Goulart Decursio, de 36 anos, contadora que fazia a gestão financeira do roubo. Ela é natural de Rondônia e estava morando no Mato Grosso. José Willian Nunes Pereira da Silva, de 48 anos, estava na Hilux e morreu no confronto. Ele era do Maranhão e já havia participado do roubo de R$ 6 milhões em São Paulo, em 1998. Quem também morreu na troca de tiros foi Renato Nascimento, de 42 anos, um dos mentores do crime e responsável pela cooptação dos comparsas.
Foram presos ainda Gilson Aires da Costa, de 43 anos, natural de Campos Sales (CE) e que fazia o serviço de pedreiro, Francisco Marcelo Ribeiro, de 41 anos, de Santana do Acaraú (CE), também pedreiro, Laurinaldo Belizário de Santana, 51 anos, natural de Sertânia, no Pernambuco, com passagem por roubo, Wellington Luiz dos Santos Júnior, de 28 anos, pedreiro morador em Iperó (SP), Robson Alves do Nascimento, de 50 anos, marido de Elaine e natural da Bahia, e Bruno Oliveira de Souza, de 30 anos, baiano baleado durante confronto, atualmente internado na Santa Casa sob escolta policial.
Conforme relatado pelo delegado, 95% do trabalho de escavação feito pela quadrilha era manual. Eles cavavam em uma inclinação de 30 graus e retiraram cerca de 100 metros cúbicos de terra por dia. Em média, avançavam dois metros a cada 24 horas. Além do imóvel que eles alugaram para abrir o túnel, também tinham pelo menos mais seis imóveis, entre eles alguns de alto padrão, que usavam para despistar a polícia. “Nunca ficavam muito tempo no mesmo lugar”, disse Sartori.
Foram apreendidos com eles macaco hidráulico, micro câmera usada para observar o interior da agência por meio de um pequeno buraco feito pelo piso a partir do túnel, um bloqueador de sinal, pás, enxadas e outras ferramentas. O grupo ainda tinha um sistema de comunicação dentro do túnel. O meio como eles realizavam o plano leva a polícia a crer que tinham conhecimento em engenharia civil.
À imprensa, Elaine disse que conheceu Gilson na Bahia e que não sabia de nada do plano. Ela disse que o casal se mudou Para Mato Grosso do Sul, trabalhava em uma construtora e morava no bairro Parque Lageado. A quadrilha vai responder por associação criminosa armada, uso de documento falso e tentativa de roubo.