Mãe de adolescente assediada por pastor fez denúncia à igreja, mas nada foi feito
A mãe da adolescente de 15 anos, que registrou uma ocorrência policial de assédio sexual contra um pastor da Igreja Mundial, afirma que procurou membros da congregação para exigir providências, mas nada foi feito até o momento.
No boletim de ocorrência registrado no dia 28 de abril na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) de Porto Velho, a mulher relata que descobriu que sua filha estava sendo assediada pelo pastor através de uma rede social. O acusado assediava a vítima com frases sexuais através de uma conta no Facebook com o nome “Sogrão”.
Em entrevista ao RONDONIAGORA, a mãe da menina disse que a adolescente começou a frequentar a Igreja Mundial em dezembro de 2019. “Assim que chegamos da cidade de Manaus, passamos a frequentar essa igreja da capital. No dia 16 de fevereiro deste ano ele começou a conversar com minha filha pelo Facebook”, disse a mãe.
A função da adolescente na igreja, segundo a mãe, era de obreira, mas o sonho da menina era ser missionária. Foi se aproveitando desse sonho, que o acusado passou a puxar assunto com a menina. “Ela queria fazer a obra de forma mais forte, se doar mais para a obra de Deus e ele tirou esse sonho dela porque minha filha não quer mais”, relatou a mãe emocionada.
Tudo foi descoberto quando a sobrinha da mãe da adolescente flagrou a menina conversando com o homem no Facebook. “Minha sobrinha chegou a repreendê-la, falando que não era certo o que pastor estava fazendo. Primeiro eu olhei as conversas que ela teve com o filho do pastor, e eram todas referentes a igreja. Já mensagens trocadas com ele tinham conteúdo pornográfico pesado”, disse.
Segundo relatos da mãe, o acusado chegou a falar coisas íntimas que ele fazia com a própria esposa para a adolescente. “Ele ativou pensamentos que ela não tinha antes, pensamentos de coisas que ela nem imaginava que poderia acontecer na idade dela. Ele chegou a falar para minha filha coisas intimas que fazia com a esposa”, contou.
Igreja nada fez
Com todos os prints arquivados, a mãe da adolescente disse que procurou a igreja e relatou o ocorrido, mas nada foi feito. “O bispo da igreja pediu os prints das conversas dizendo que iria expulsar o pastor, mas isso não aconteceu. Ele disse ainda que só podia procurar a Polícia depois que o membro da igreja fosse desligado para não vincular a imagem do aliciador com a igreja. Mesmo depois de tudo o que eu falei para o bispo juntamente com o pai da minha filha, o pastor não foi expulso, inclusive tenho imagens recentes dele na igreja”, revelou a mãe.
O pai da menina, exigiu um posicionamento rígido, mas segundo a mãe da vítima, o bispo alegou que o pastor acusado não representava a igreja, que ele era autônomo e apenas um voluntário. “O pai contestou porque o pastor usa o uniforme da Igreja Mundial, tomava conta de uma congregação sozinho, inclusive recebe ajuda financeira da igreja”, diz.
Agora, a mãe da vítima pede Justiça. “Eu só quero que ele pague por tudo o que ele fez porque antes eu tinha uma filha alegre, boa aluna na escola, com excelentes notas, gostava de fazer a obra de Deus e hoje ela só quer ficar deitada na cama, sem ânimo para nada. Ela já falou até em tirar a própria vida, coisa que ela nunca tinha dito. Eu estou sofrendo demais e quero Justiça”.
O RONDONIAGORA entrou em contato com o bispo da Igreja Mundial, mas o celular dele estava na caixa de mensagem. A reportagem também entrou em contato com o pastor responsável pelo grupo de jovens, ele pediu para que a redação retornasse à ligação, mas não atendeu mais.
Policiais da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) investigam o caso.