‘Para mim não era ela no caixão’, diz Pai de servidora morta por marido PM
A dor ainda paira sobre o pai que perdeu a única filha para a violência doméstica em Porto Velho. Em maio, a servidora Priscila Pereira Souza, de 29 anos, foi morta a tiros pelo marido policial enquanto estava na casa de um casal de amigos. O esposo, um sargento que estava com Priscila no local, cometeu suicídio em seguida.
Emocionado e com uma voz trêmula, Edson Souza, pai da Priscila, falou com exclusividade ao G1 dois meses depois do crime.
Em entrevista, o pai diz viver cada dia acompanhado do sofrimento da perda precoce da filha.
“Estou acabado, arrasado. Era minha única filha. Fiquei sem chão, não consigo mais dormir direito”, afirma.
Cheia de sonhos e esforçada. É assim que Edson lembra da filha Priscila, que, por conta da rotina de trabalho — em dois lugares — e estudo, quase não podia estar presente com a família.
“Minha filha era inteligente. Ela passou no concurso para técnico de enfermagem e depois de concluir o curso de enfermagem, também passou em outro concurso. Tinha dois empregos e ainda estudava. A meta dela era fazer doutorado. O tempo dela era curto, quase não tinha muito tempo para curtir pai e mãe, pois queria alcançar o sonho dela. A gente a apoiava”, relembra Edson.
Priscila não chegou a falar para o pai como era o relacionamento dela com o companheiro. Edson diz acreditar que “talvez seria por medo” do que o companheiro pudesse fazer.
A última lembrança que Edson tem da filha é a do dia do velório. Ele diz que ainda não acredita na cena.
“Pra mim ela não morreu ainda. É difícil de explicar. Mas ver ela naquele caixão, não sei, não parecia ela”, lamenta.
Crime
Priscila foi morta no dia 16 de maio por volta das 21h, em uma casa na Zona Leste da capital, conforme o registro da delegacia.
Após o crime, testemunhas disseram aos policiais que a vítima e o marido policial tinham ido à casa deles, pois Priscila iria fazer as unhas e um trabalho acadêmico.
Em determinado momento, os amigos ouviram um disparo de arma de fogo que vinha do banheiro da casa. Depois de arrombarem a porta do cômodo, viram os corpos do casal no chão e a arma lado do homem.
No boletim o crime foi registrado como homicídio. A investigação aponta que o sargento Edmundo do Amaral Teixeira matou a esposa e depois cometeu suicídio.