RELATO: Meu marido confessou que gostava de ter relação com travesti, “casamento acabou dois meses depois”
A primeira experiência amorosa da produtora Mercedes, 48, de São Paulo, ainda é considerada por ela a mais marcante de sua vida amorosa e sexual. Seu primeiro marido, com o qual ela perdeu a virgindade aos 17 anos, confessou, pouco tempo depois do casamento, que gostava de fazer sexo com travestis.
Ela diz que eles tinham uma vida sexual boa e uma relação feliz, de maneira geral, e que a desconfiança só começou quando um amigo em comum deixou escapar que seu marido tinha saído com um professor gay no passado. “Fiquei com aquilo na cabeça. Então passei a estranhar algumas coisas, como a raiva que ele sentia de gays, e quando eu viajava para visitar a minha mãe, ele dizia que sentia tanta saudade, que dormia vestindo uma calcinha minha”, contou
Mercedes começou a provocar o marido, dizendo que gostava de ver dois homens juntos, até que um dia ele abriu o jogo. Mas a confissão foi muito além do que ela esperava. “Quando ele me disse que gostava de transar com travestis, foi um choque muito grande, eu não consegui lidar. Como assim ele queria um homem que tinha um corpo de mulher, se ele já tinha eu?”, questiona. O casamento acabou dois meses depois.
Competição x frustração
A dificuldade que Mercedes teve para aceitar a atração do marido por travestis foi maior do que aceitar a atração deles por outros homens, como ela verbalizou. “Essa reação pode ter relação com a nossa tendência a competir com o outro. E quando fazemos isso, queremos ganhar. Nesse caso, como competir com uma pessoa que trem atributos femininos e masculinos? Não tem como”, afirma Ana Canosa, sexóloga e apresentadora.
Segundo Ana Canosa, essa possível inveja de um corpo que tem os dois atributos surge porque temos de elaborar nossas diferenças em relação ao longo da vida, principalmente na infância, que é quando, segundo o psicanalista austríaco Sigmund Freud, surge a inveja do pênis. “Freud foi a primeira pessoa que fez a distinção entre o sexo biológico e a sexualidade, em 1903. Atualmente, a inveja do pênis é muito mais entendida como inveja de aquilo que eu não possuo, que tem a ver com a diferença a comparação”, conclui.