Rondônia: Após naufrágio, agricultor nada por 11 km até ser socorrido por policial no Rio Madeira
Um agricultor nadou cerca de 11 quilômetros pelo Rio Madeira neste sábado (8), em Porto Velho, após a rabeta [embarcação com motor semelhante a uma canoa] naufragar com a agitação das águas. Braulio Aves Azevedo já estava quase sem forças quando foi avistado por um policial militar, de folga, perto do Distrito de Calama, região do Baixo Madeira.
Braulio informou que levava a produção de bananas para vender no distrito de Calama quando foi surpreendido por ventos e ondas no meio do rio.
“Vinha da Vila de Papagaios pela margem esquerda do Rio Madeira com minha rabeta carregada com banana, quando às 8h20, ao tentar realizar a travessia de margem, sofri um naufrágio”, relato consta no boletim de ocorrência.
O agricultor estava em uma área conhecida como Ilha de Assunção quando os fortes ventos começaram e as ondas jogaram água dentro da rabeta, que acabou afundando no meio do rio – local chega a ter dois quilômetros de leito em alguns trechos.
“Eu vim nadando pelo meio do rio lutando para sobreviver, as ondas eram muito fortes”, lembra.
Braulio também relatou que chegou a passar por duas canoas e uma balsa enquanto descia o rio, mas ninguém ouviu os gritos de socorro.
Após descer cerca de 11 quilômetros rio abaixo, ele diz que já estava sem forças quando veio a ajuda.
Às margens do rio, no distrito de Calama, estava o policial de folga Silmar Gomes das Neves e um amigo.
Ao G1, o cabo da PM contou que, achou ter visto um grande tronco descendo o rio, mas em certo ponto percebeu os movimentos dos braços e não hesitou em correr para salvar a vida de Braulio.
“A nossa embarcação estava ancorada e em dado momento eu ouvi gritos, só que não tinha visto de onde estavam vindo. Olhei para o meio do rio e vi uma espécie de um tronco de madeira. Ouvi de novo o grito de socorro e percebi que o “tronco” estava se mexendo muito. Então me dei conta que na verdade era uma pessoa pedindo socorro”, comenta o policial.
Mesmo com uma embarcação maior, o cabo disse que teve dificuldades para chegar até Braulio por causa da agitação das águas do Madeira.
“Tinha hora que a onda puxava o corpo e ele sumia. Quando chegamos ele estava bastante cansado. Eu pedi pra ele se acalmar porque a gente estava lá para salvar ele”, disse.
Silmar acredita que o agricultor teve muita sorte, pois é comum na região que pessoas sejam atacadas por candirus [pequenos peixes que atacam o órgão genital causando ferimentos e até hemorragias]. “Se o candiru ataca, só Deus para salvar ele”.
“Deus deu a oportunidade pra mim e meu amigo ouvirmos o grito dele. Isso não tem preço que pague. É uma sensação de dever cumprido, salvamos uma vida”, destacou.
Momentos depois, a canoa de Braulio e alguns cachos de banana foram localizados. Ele teve apenas um arranhão na barriga e não precisou de atendimento médico.
Durante a tarde deste sábado, Braulio voltou para casa pelo rio, usando a mesma canoa.