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Venda de carros usados: vale o ano de fabricação ou o ano-modelo?

Muitos proprietários dos chamados veículos de “duas cabeças” (produzidos em determinado ano, mas já como modelo da linha seguinte) já vivenciaram essa cena: na hora de trocá-lo, receberam uma avaliação baseada no ano de fabricação, e não no ano-modelo. Mas isso realmente está certo? Afinal, qual é o critério para definir o preço de venda desses carros usados?

O AutoPapo consultou a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a KBB (Kelley Blue Book) e a Fenauto (Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores), que responderam de maneira unânime: o que determina o valor de venda de motos, caminhões e carros usados é o ano-modelo. Desse modo, um automóvel 2015/2016 é tão valorizado quanto um similar 2016/2016, por exemplo.

Quem acessa o site da Fipe já percebe que o ano de fabricação não tem valor mandatório. Isso porque, nos campos de pesquisa sobre preços médios de veículos, consta para consulta apenas o ano-modelo, além da marca e do nome do bem; sequer há menção ao ano de fabricação. A reportagem entrou em contato com a entidade, que confirmou: “os preços da Fipe são em função do ano-modelo”.

No site da Fipe, campo de busca para pesquisa de preços de veículos considera apenas o ano-modelo; sequer há menção ao ano de fabricação (Foto Fipe | reprodução)

A KBB, que faz pesquisas de mercado mais detalhadas sobre os preços de carros usados à venda, levando em consideração, entre outros itens, a presença de equipamentos opcionais, também não faz distinção entre bens do mesmo ano-modelo, independentemente da data de fabricação. Em resposta à reportagem, a entidade esclareceu que utiliza como critério o ano-modelo.

De acordo com Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto, durante o processo de venda, a avaliação dos carros usados deve seguir exatamente as diretrizes citadas. “A negociação do veículo é pelo ano-modelo, e não pelo ano de fabricação; o certo é isso”, afirma.

Por que o valor de venda de carros usados baseia-se no ano-modelo?

Santos elucida que esse critério é justo porque, quando os fabricantes lançam a gama de produtos do ano seguinte, quase sempre fazem aperfeiçoamentos, como oferta de novos equipamentos ou mudanças no design. Justamente por isso, tais veículos costumam trazer reajustes de preços quando são vendidos zero-quilômetro.

Vale destacar que as tabelas de preços divulgadas pela Fipe e pela KBB são baseadas nos valores praticados no mercado. Os números são obtidos por meio de pesquisas em todo o país. A Fenauto, por meio de assessoria, explica que, além do ano-modelo, as avaliações para determinar o preço de venda levam em conta ainda a quilometragem e o estado de conservação dos carros usados.

Perfis e necessidades dos consumidores em diferentes locais também podem interferir no valor de venda dos carros usados. Determinada marca pode ter maior aceitação em algumas regiões que em outras, por exemplo. Isso é consequência do tamanho do mercado brasileiro: segundo a Fenauto, existem cerca de 48 mil CNPJs ativos na classificação  de lojas multimarcas de veículos em todo o país.

De qualquer modo, independentemente dessas variáveis, a avaliação para venda de carros usados deve considerar sempre o ano-modelo. “Quem avalia com base no ano de fabricação está agindo de modo errado”, ratifica o presidente da Fenauto. Santos explica que o ano de fabricação serve apenas para balizar o valor do IPVA.

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